Cientistas inventam sistema de administração de medicamentos
Uma equipa de cientistas do Shirley Ryan AbilityLab e da Universidade Northwestern desenvolveu uma nova tecnologia com potencial para mudar o futuro da distribuição de medicamentos.
MEDICINA E MEDICAMENTOS
MEDICAMENTOS, PARA VIVER SEM SOFRIMENTO
Com o aparecimento de novas doenças, e a permanência das antigas, a pesquisa de novos fármacos é constante. Porém, o caminho entre uma nova molécula e um fármaco eficaz é longo e difícil. LER MAIS
O dispositivo desenvolvido é o primeiro sistema implantável de libertação de medicamentos que é acionado por fontes externas de luz de diferentes comprimentos de onda, e não através de componentes eletrónicos. É, também, o primeiro a ser absorvível pelo corpo (o que evita a extração cirúrgica), enquanto ainda permite o controlo ativo e a programação pelo operador, por exemplo, o médico, enfermeiro ou paciente.
A nova tecnologia representa um avanço que aborda as deficiências dos atuais sistemas de administração de medicamentos, e pode ter implicações importantes e abrangentes para tudo, desde a epidemia de opioides até à forma como os tratamentos para o cancro são administrados com precisão.
Os atuais sistemas implantáveis de distribuição de medicamentos são usados no tratamento de condições médicas que vão desde dor crónica e espasticidade muscular até cancro e diabetes.
Os sistemas passivos permitem a libertação gradual de medicamentos e não requerem extração no fim do seu uso, mas não podem ser controlados ativamente pelo utilizador (por exemplo, desligar, aumentar ou diminuir a libertação dos medicamentos). Por outro lado, os sistemas ativos que permitem a libertação programável de medicamentos requerem fontes de alimentação e peças eletrónicas e, eventualmente, requerem uma segunda cirurgia para extração do dispositivo.
Para testar a nova tecnologia, os especialistas implantaram-na cirurgicamente no nervo ciático direito de ratinhos individuais. Cada dispositivo continha três reservatórios de medicamentos cheios de lidocaína, um medicamento comum para bloquear a dor nos nervos. Seguidamente, foram colocados três LEDs sobre os locais de implantação para desencadear a libertação do medicamento.
Testes posteriores mostraram alívio acentuado da dor entre os animais. Além disso, os cientistas conseguiram alcançar diferentes padrões de alívio da dor, dependendo do sequenciamento de luz e cor do LED.
Segundo John Rogers, da Universidade Northwestern, o estudo, publicado recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, permitiu concluir que a nova abordagem é uma alternativa eficaz, segura e não viciante aos analgésicos administrados sistemicamente.
Além disso, pode ser dimensionado. Embora se tenha usado uma combinação de três LEDs no teste de prova de conceito, poder-se-à potencialmente aumentar até 30 comprimentos de onda de LED diferentes, o que oferece muito mais programas para alívio da dor.
Esta tecnologia tem várias implicações promissoras na medicina de reabilitação e mais além, e a colaboração entre médicos, cientistas de materiais e engenheiros biomédicos destas instituições está a acelerar rapidamente descobertas clinicamente relevantes.