O problema é que só estão disponíveis tratamentos eficazes para um número reduzido de DHMs e, como cada doença é um evento incrivelmente raro, testar novos tratamentos continua a ser um desafio significativo.

Uma equipa de investigadores internacionais coordenados por biólogos da Universidade Monash, na Austrália, descobriu uma nova forma de explorar como a mudança de dieta pode ajudar a aliviar os sintomas da doença – especialmente para indivíduos com distúrbios que afetam a forma como a proteína é metabolizada.

Travis Johnson, coautor do estudo, refere que as DHMs geralmente respondem a mudanças simples na dieta, no entanto, saber quais os nutrientes a alterar nem sempre é óbvio

A investigação tinha como objetivo desenvolver uma abordagem complementar baseada num modelo animal, para testar dietas na clínica, que se concentra principalmente na redução da ingestão de proteínas do paciente.
Os especialistas perceberam que seria necessário um controle total sobre todos os nutrientes da dieta e a capacidade de testar muitas dietas simultaneamente, o que não poderia ser alcançado em pacientes na clínica, pois essas doenças são muito raras.

A equipa elaborou, então, um plano para usar a mosca-do-vinagre, Drosophila melanogaster, como modelo de teste. Isto porque é simples alterar as moscas geneticamente para que tenham a doença humana. Assim, poderiam criar-se números elevados e realizar testes incontáveis às dietas para identificar quais as mais benéficas.

A Drosophila é um modelo bem estabelecido para estudar as causas genéticas de muitas doenças humanas, pois cerca de 75% dos genes causadores de doenças humanas são encontrados de forma semelhante na mosca. Para além de ser um animal com o qual é fácil trabalhar, também se reproduz rapidamente, estando disponíveis muitas ferramentas para manipular quaisquer genes.

Segundo o Dr. Johnson, a mosca-do-vinagre é adequada para este trabalho de grande escala, onde aparentemente existem muitas doenças para estudar, cada uma exigindo um conjunto especializado de ensaios experimentais – o que não é alcançável em outros modelos, como os ratinhos.

O facto de as moscas também terem uma dieta totalmente personalizável abre as portas para a compreensão de como a dieta e os genes interagem. Ainda assim, refere, pode demorar algum tempo para “transferir” dietas que tratam moscas doentes para pacientes com essas doenças.
O objetivo real é identificar doenças que possam responder à dieta, utilizando como ponto de partida o modelo de mosca.