Acupunctura pode aliviar dor lombar e pélvica durante a gravidez
A acupuntura pode aliviar significativamente a dor lombar e/ou pélvica frequentemente sentida pelas mulheres durante a gravidez, sugere um estudo recentemente publicado na revista científica BMJ Open.
BELEZA E BEM-ESTAR
ACUPUNTURA
Praticada à milhares de anos, esta técnica é ainda alvo de controvérsia, apesar dos seus praticantes atestarem os seus resultados. Será a Acupunctura uma coisa do passado ou do futuro? LER MAIS
Segundo os investigadores não se encontraram efeitos secundários negativos relevantes nos recém-nascidos cujas mães optaram pela terapia. Salientam, no entanto, que não foram avaliados, até ao momento, resultados como um parto prematuro, por exemplo.
A acupuntura surge como uma terapia potencial para vários tipos diferentes de dor, porque não envolve a necessidade de medicamentos e é considerada segura. De que forma alivia a dor ainda não está claro, mas acredita-se que envolva a libertação de substâncias químicas “felizes” inatas do corpo, as endorfinas, além de aumentar o fluxo sanguíneo para a pele e músculos locais.
Contudo, se consegue aliviar a dor lombar e/ou pélvica debilitante experimentada por cerca de 90% das mulheres durante a gravidez permanece em discussão.
Para conseguirem chegar a conclusões mais concretas, os investigadores recolheram dados relativos a ensaios clínicos relevantes e compararam o alívio da dor proporcionado a mulheres grávidas, que fizeram acupuntura isoladamente ou quando a combinaram com outras terapias, assim como o seu potencial impacto nos recém-nascidos.
A análise final incluiu 10 ensaios clínicos aleatórios, envolvendo 1.040 mulheres. Todos os estudos foram publicados entre 2000 e 2020 e realizados de forma variada na Suécia, Reino Unido, Estados Unidos, Espanha e Brasil.
As futuras mães eram todas saudáveis, estavam entre as 17 e as 30 semanas de gravidez, e tinham dor lombar e/ou pélvica. A acupuntura foi realizada por técnicos treinados, fisioterapeutas ou parteiras.
A análise dos resultados do estudo permitiu concluir que em nove ensaios se sugeriu que a acupuntura aliviou, significativamente, a dor durante a gravidez. Entre estes estudos, quatro relataram que a acupuntura tem um ótimo potencial para restaurar a função física. Nos outros cinco estudos concluiu-se que a qualidade de vida das grávidas melhorou após o tratamento.
Quatro estudos revelaram que existiu uma diferença significativa nos efeitos gerais quando a acupuntura foi comparada com outras tipos de intervenção ou nenhuma. Foram relatadas contrações prematuras em dois estudos, no entanto, essas crianças estavam saudáveis quando nasceram.
A análise de dados sugeriu que a acupuntura é segura e, nos quatros estudos em que isto foi relatado, não se verificaram diferenças significativas no estado de saúde dos recém-nascidos, quando o tratamento foi comparado com outros ou até nenhum.
Sete estudos registaram alguns efeitos colaterais, sem gravidade, para as futuras mães como dor, sangramento no local onde é colocada a agulha e sonolência. Ainda assim, as participantes avaliaram a acupuntura favoravelmente e a maioria estava disposta a repeti-la, se necessário.
Sobre as descobertas, os investigadores realçam que o número de estudos incluídos foi relativamente pequeno e a sua qualidade variável. Além disso, a metodologia, os resultados e as características das participantes diferiram substancialmente. É importante referir que em dois estudos, a taxa de abandono excedeu 20% entre o grupo de comparação.
Concluem, assim, que esta terapia merece mais atenção pelo seu potencial para aliviar a dor num momento em que é preferível evitar medicamentos devido aos possíveis efeitos colaterais para a mãe e para o bebé.
A acupuntura melhorou significativamente a dor, o estado funcional e a qualidade de vida das mulheres com dor lombar/pélvica durante a gravidez. Além disso, não teve influências adversas severas observáveis nos recém-nascidos
São, contudo, necessários estudos controlados randomizados e de grande escala para confirmar ainda mais estes resultados.