Novas evidências ligam bactéria intestinal à artrite reumatoide
Um estudo realizado por investigadores norte-americanos forneceu evidências de que as bactérias intestinais desempenham um papel no desenvolvimento da Artrite Reumatoide (AR). A investigação sugere que uma resposta imune anormal a uma espécie relativamente comum de bactérias intestinais pode influenciar o desenvolvimento da doença.
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ARTRITES - Viver sem dores articulares
Confundida por vezes com artrose, não é, contudo, uma doença crónica mas sim, uma inflamação nas articulações independentemente da sua causa, possível de prevenir e tratar. LER MAIS
A AR é considerada uma doença multifatorial. Isto significa que nenhum gene ou exposição ambiental é o único responsável pelo seu desenvolvimento. Em vez disso, serão provavelmente necessários diversos fatores para desencadear o comportamento autoimune que lhe está associado.
São várias as evidências que apontam que o microbioma intestinal desempenha um papel no início da doença. De facto, uma estirpe bacteriana específica tem sido o foco de muitas investigações nos últimos anos.
A Prevotella copri geralmente não é considerada uma estirpe prejudicial de bactérias intestinais, sendo encontrada no microbioma da maior parte das pessoas, estando associada a dietas ricas em fibras e com baixo teor de gordura. Mas, na última década, algumas investigações encontraram associações entre a AR e níveis anormais de Prevotella copri.
No novo estudo, publicado na revista Arthritis & Rheumatology, os investigadores compararam 98 participantes com AR com 98 pessoas saudáveis e 67 participantes em alto risco para a AR com 67 pessoas sem este risco, e verificaram que tanto os participantes com AR como os participantes com um risco elevado da doença tinham níveis mais elevados de anticorpos contra uma proteína expressa pela Prevotella copri
Apesar dos resultados, as evidências estão longe de ser definitivas, mantendo-se algumas questões sérias. Embora possa haver uma correlação entre o aumento da atividade imunológica contra essa proteína bacteriana e a AR, isso não significa necessariamente que essa relação impulsione a progressão da doença.
Segundo Jennifer Seifer, líder da investigação, a esperança é que estas descobertas possam ajudar a elucidar ainda mais o complexo papel etiológico das bactérias em pessoas com risco de desenvolver AR e naquelas com AR, para que se possam desenvolver terapias orientadas para um melhor tratamento e, finalmente, para a prevenção da doença.
A artrite reumatoide é uma doença crónica, inflamatória, auto-imune que se caracteriza pela inflamação das articulações e que pode conduzir à destruição do tecido articular e periarticular. Existe também uma ampla variedade de alterações extra-articulares. Não é uma doença rara, a sua prevalência varia de 0,5-1,5% da população nos países industrializados. Em Portugal estima-se que afete 0,8 a 1,5% da população. A sua ocorrência global é duas a quatro vezes maior em mulheres do que em homens.