MEDICINA

Conferência Astellas 2021 centrada na Medicina regenerativa

A terceira edição da Conferência Astellas aconteceu, pela primeira vez, na cidade do Porto e em formato híbrido. Dedicada ao tema da medicina regenerativa, o evento permitu debater os inúmeros progressos e potencialidades deste novo e promissor campo da medicina, o futuro da área indissociável do envelhecimento da população e questões éticas e económico-sociais no acesso a terapias inovadoras.

Conferência Astellas 2021 centrada na Medicina regenerativa

MATURIDADE E REFORMA

NOVOS PARADIGMAS DO ENVELHECIMENTO - Envelhecer com saúde e dignidade


O destaque foi para as presenças do Prof. Doutor Júlio Machado Vaz – anfitrião do evento –, do investigador Lino Ferreira e do escritor Afonso Reis Cabral.
O psiquiatra defendeu que a medicina regenerativa, área que permite regenerar tecidos, fortalecer o sistema imunitário e acelerar as cicatrizações, assume a maior importância face ao rápido envelhecimento a que se tem assistido em Portugal.

Na sua sessão mencionou ainda as mais-valias desta especialidade, entre as quais a reparação e substituição de tecidos danificados ou destruídos por trauma.
Segundo o clínico, por esta área da medicina passará a solução para a escassez de órgãos disponíveis para transplante, bem como para a rejeição, se as células utilizadas forem do próprio doente.

O investigador coordenador na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Lino Ferreira, explicou, na sua intervenção, que a medicina regenerativa pode aumentar a qualidade de vida nos últimos anos de vida e desacelerar o processo de entrada nas doenças crónicas.

Lino Ferreira acredita que, nas próximas décadas, se irá entrar numa nova área/era denominada “gerociência”, em que, eventualmente, os médicos, antes de tratar de doenças crónicas, vão tratar o envelhecimento, aumentando a qualidade de vida das pessoas. Desta forma, antes de os doentes entrarem num estágio de declínio da atividade biológica, e antes de entrarem nas doenças crónicas, os médicos vão tratar o processo de desaceleração do envelhecimento.

A questão da disparidade no acesso a novos tratamentos de medicina regenerativa também esteve em discussão. Na perspectiva de Afonso Reis Cabral, ao haver pessoas mais velhas com capacidades físicas restabelecidas, os ganhos de saúde para a sociedade com os avanços tecnológicos não seria muito diferente do que já existe, das limitações que existem, mas com consequências de desigualdade social ainda maior.

Júlio Machado Vaz expressou igualmente a sua preocupação com “o fosso social” no acesso a terapias inovadoras, uma realidade que pode vir a acentuar-se com a medicina regenerativa. O psiquiatra salientou que, além das desigualdades sociais, não se pode esquecer que continuam a existir outro tipo de desigualdades, como é o caso da questão da saúde mental.

Sobre as desigualdades de acesso a este tipo de tratamentos promissores, Lino Ferreira apresentou uma visão mais otimista, por encarar a medicina regenerativa como uma oportunidade para o sistema nacional de saúde e uma nova forma de olhar para o tratamento dos doentes.
O investigador não deixou de sublinhar a importância da regulamentação, da acreditação e da validação de procedimentos de medicina regenerativa na prática clínica, de maneira a garantir que questões éticas não se levantam.

O evento contou ainda com as intervenções de Filipe Novais, diretor geral da Astellas Farma, Alan McDougall, vice-presidente e diretor médico da Astellas Europa e com os representantes do Astellas Institute Regenerative Medicine, Erin Kimbrel e Robert Lanza.

É importante referir que o conhecimento das potencialidades da medicina regenerativa ainda não é o desejável, tanto ao nível da sociedade em geral, como de algumas classes de profissionais de saúde, havendo ainda um longo caminho a percorrer. É necessário maior apoio à investigação e articulação entre investigação e clínica.

Fonte: Tupam Editores

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