Ômega-3 inibe capacidade do Zika para destruir neurónios
Investigadores da Universidade de Brasília (UnB), no Brasil, descobriram que o ómega-3 – um ácido gordo normalmente encontrado em peixes e castanhas, e conhecido por reduzir o mau colesterol no organismo – combate a inflamação dos neurónios causada pelo vírus Zika.
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A substância também gerou uma redução da carga viral nas células do sistema nervoso humano.
O vírus Zika acarreta complicações neurológicas, como encefalites, Síndrome de Guillain Barré e microcefalia. O vírus ataca as mitocôndrias das células nervosas, os organelos que capturam energia e funcionam como uma espécie de pulmão celular. Com o stress oxidativo gerado na célula, os neurónios morrem.
“Quando o Zika infecta um neurónio, faz com que esse neurónio produza uma série de moléculas inflamatórias, citotóxicas e radicais livres que vão causar danos no ADN”, descreve a professora Kelly Magalhães.
A investigadora Heloísa Braz de Melo decidiu então testar o uso do ómega-3, conhecido por induzir os neurónios a produzir moléculas neuroprotetoras e anti-inflamatórias.
“O pré-tratamento do ómega-3 faz com que a célula produza outras moléculas que têm atividade antagónica ao que o Zika faz”, explicou a cientista.
Os testes foram bem-sucedidos em animais de laboratório e em células humanas. A investigação foi feita a partir de uma amostra do vírus isolado de um paciente infetado no estado brasileiro de Pernambuco no ano de 2015, quando houve um surto da doença em alguns estados brasileiros.
A equipa descobriu então que o ómega-3 age contra a infeção pelo Zika por meio de uma substância chamada DHA (ácido docosahexaenoico).
Os pesquisadores acreditam que o ómega-3 pode ser usado tanto preventivamente, quanto como auxiliar antiviral, atuando na redução da carga viral e na diminuição da inflamação e nos danos celulares provocados nos neurónios humanos.
O ómega-3 é encontrado naturalmente no óleo de peixes de águas frias (salmão, atum, bacalhau, cação) e óleos vegetais e linhaça.