Mutação pode tornar o vírus Zika mais perigoso
Uma simples mutação no vírus Zika é suficiente para que se torne mais infecioso e grave afetando a imunidade preexistente. O alerta é dado por investigadores do Instituto de Imunologia La Jolla, nos Estados Unidos da América.
Durante o estudo, publicado na revista científica Cell Reports, os especialistas manipularam em laboratório as células do vírus Zika. O que fizeram foi recriar ciclos de infeção que alternavam repetidamente entre células de mosquitos e de ratos para estudarem a evolução rápida do Zika. Descobriram, então, que é relativamente fácil para o vírus adquirir uma mudança de aminoácidos que permite que o vírus faça mais cópias de si mesmo e ajude a que as infeções se instalem mais facilmente.
Depois, monitorizaram cada mutação nova e houve uma que captou logo a sua atenção pela negativa – a mutação NS2B I39V/I39T mostrou ser mais virulenta e também mais perigosa quando cultivada em células humanas.
A experiência mostrou que a estirpe manipulada é mais infeciosa e que apresenta um maior risco de absorção fetal, podendo aumentar os defeitos congénitos em bebés que nascem de mães infetadas.
Segundo Jose Regla-Nava, autor da investigação, esta mutação única é suficiente para aumentar a virulência do Zika, sendo que uma elevada taxa de replicação poderia aumentar a transmissão viral ou a patogenicidade.
O próximo objetivo dos investigadores é estudar formas de adaptar as vacinas e tratamentos que contrariem esta mutação, assim como compreender melhor como é que esta mutação ajuda o vírus a replicar-se de forma mais eficiente.
O vírus Zika é transmitido aos humanos após uma picada de um mosquito infetado do género Aedes, mais especificamente, o Aedes Aegypti, o mesmo que poderá causar dengue em pessoas. Até ao momento, não há uma vacina para combater este vírus e os sintomas da pessoa infetada tendem a ser ligeiros ou impercetíveis, estando o maior risco nos bebés cujas mães contraem o vírus durante a gestação, havendo elevado risco de microcefalia.