Transtorno pouco conhecido promove distorção da imagem corporal
O transtorno dismórfico corporal (TDC) ou dismorfia corporal, uma doença psiquiátrica pouco conhecida e que se caracteriza pela perceção visual alterada de si próprio, mesmo diante de um espelho, afeta cerca de dois por cento da população mundial.
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"A TDC é capaz de causar enormes estragos na autoestima dos pacientes", explica Joana de Vilhena Novaes, psicóloga e coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, no Brasil.
Trata-se de uma doença grave, porém ainda muito pouco conhecida, e pelas próprias características que a definem é, muitas vezes, indevidamente confundida com excesso de vaidade, visto que as pessoas afetadas têm uma obsessão por se verem ao espelho e cuidarem excessivamente da estética corporal, explica a especialista.
Descrita pela primeira vez no final do século XIX, esta doença está associada a traços de compulsão, naturalmente percebidos pelos pacientes, mas dificilmente identificados por familiares e amigos.
Os doentes afetados pelo TDC recorrem muitas vezes a inúmeros procedimentos para corrigir problemas estéticos mínimos ou inexistentes e, independentemente do resultado, nunca estão satisfeitos. "Estima-se que um terço deles tenha recorrido a mais de uma cirurgia plástica para ‘corrigir’ sucessivas vezes um mesmo problema", indica Vilhena Novaes.
O TDC normalmente surge associado a outros distúrbios. Cerca de 90 por cento dos doentes sofrem de depressão; 48 por cento abusam de bebidas alcoólicas e 32 por cento têm anorexia ou bulimia. Homens e mulheres são igualmente afetados pela patologia, que tem maior incidência na faixa etária dos 15 aos 20 anos.
Pesquisa já realizadas sobre a doença indicam que esta pode ter uma origem neurológica, visto que o cérebro dos pacientes com TDC sofre alterações nos níveis de hormonas como [url-nolink=/pt/medicamentos/DCI/noradrenalina/informacao-geral]noradrenalina,[/url] [url-nolink=/pt/medicamentos/DCI/dopamina/informacao-geral]dopamina[/url] e serotonina, sobretudo nas regiões relacionadas com a visão, gestão das emoções e mecanismos de recompensa, ansiedade, motivação e humor.
Eduardo Aratangy, psiquiatra do Serviço de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo, no Brasil, refere que as mudanças hormonais drásticas registadas e a necessidade de aceitação durante a adolescência podem ajudar a deflagrar a doença.
Atualmente, não existem medicamentos específicos para este transtorno. O tratamento passa pela administração de antidepressivos associados a terapia.