Expressão de origem inglesa tornada universal, a expressão “jet lag”, não tem tradução literal em português, mas pode ser definida como a alteração do ritmo biológico de 24 horas consecutivas causada no ser humano devido à deslocação rápida entre longitudes, que ocorre após as mudanças de fuso horário, em longas distâncias de avião.
O nosso corpo está naturalmente programado para executar alertas e um conjunto de rotinas ao longo de um período de 24 horas, incluindo dormir e alimentar-se. Durante uma viagem rápida atravessando vários fusos horários, a sincronia desses ritmos é alterada descontrolando-se e fazendo com que o corpo fique temporariamente confuso, dando origem a um conjunto de sintomas psicossomáticos conhecidos por jet lag.
Expressa-se em cansaço extremo, apatia e outros efeitos físicos e psíquicos que são sentidos pelas pessoas depois de um longo voo através de vários fusos horários, afetando especialmente os ciclos do sono, decorrentes de alterações dos níveis de hormonas de hidrocortisona (forma sintética do cortisol), porém de efeito transitório.
O cortisol, considerado a hormona do stress, ativa a resposta do organismo perante situações de emergência, para ajudar na resposta física aos problemas imprevistos, aumentado a pressão arterial e os níveis de açúcar na corrente sanguínea, o que propicia energia muscular adicional. Por isso, a alteração dos níveis hormonais de cortisol, afeta grande parte das funcionalidades do organismo, designadamente as funções anabólicas de recuperação, renovação e criação de novos tecidos, paralisando-os, enquanto que o organismo se concentra na sua função catabólica, de transformação dos compostos orgânicos em resíduos, com libertação de energia sob a forma de calor ou de reações químicas.
Além de promover a metabolização da glicose no fígado, o cortisol também estimula a quebra de proteínas e gorduras.
Em geral, com os níveis de cortisol baixos no corpo, ocorrem sintomas como fadiga e falta de energia, prejudicando a atividade muscular, falta de apetite, dor nas articulações e músculos, incremento da atividade inflamatória do organismo causando ligeiro estado febril, anemia e infeções frequentes por prejudicar a formação das células sanguíneas e o funcionamento do sistema imunitário, dificuldade na libertação de açúcar na corrente sanguínea pelo fígado, provocando hipoglicemia, além de causar dificuldade em estabilizar os líquidos e regular a pressão nos vasos sanguíneos e coração.
Os baixos níveis de cortisol em mulheres grávidas, agravam os sintomas de jet lag, dificultando ainda mais os sintomas de mal-estar causados ao passageiro comum nas viagens de longo curso, através de vários meridianos, pelo que, deverão tomar algumas precauções antes de viajar. Deverão por exemplo consumir alimentos leves e beber bastante água; levantar-se com alguma frequência e caminhar ao longo do avião; evitar roupas justas e saltos altos; preferir os assentos ao longo do corredor para facilitar os movimentos, durante o percurso; quando for exigido o cinto de segurança, colocá-lo na parte inferior do abdómen, imediatamente acima da pelve, onde é seguro para a mãe e para o feto.
O jet lag é portanto uma condição fisiológica, resultante de alterações bruscas na distribuição dos períodos de sono-vigília num ciclo de 24 horas, provocada por uma viagem longa, em geral de avião a jacto, atravessando vários fusos horários que tem como consequência, provocar o desajustamento do relógio biológico interno, do horário local de chegada, provocando um distúrbio temporário do sono.
A rapidez com que o organismo se ajusta ao novo horário, varia muito de pessoa para pessoa, podendo ir de apenas algumas horas até uma semana ou mais, sendo que não é considerado jet-lag uma viagem que atravesse apenas um ou dois fusos horários, e não depende da duração do voo mas tão somente da distância percorrida entre meridianos.
Se o voo for realizado ao longo do mesmo meridiano, isto é, na mesma zona de fuso horário, não ocorrerá jet-lag, ainda que a distância percorrida possa ser muito maior que uma qualquer outra que atravesse somente dois fusos horários, por exemplo. De igual forma, a designada Linha Internacional de Mudança de Data (LID), linha imaginária na superfície terrestre que implica uma mudança obrigatória de data, ao cruzá-la, não pode ser considerada como causadora de jet lag, dado que a maior diferença possível é de cerca de 12 horas. Esta linha ficou definida por convenção internacional em 1884, tendo sido estabelecido que ficaria no lado exatamente oposto ao meridiano de Greenwich, atravessando praticamente todo o Oceano Pacífico.
A cruzar-se essa linha imaginária de oeste (poente) para leste (nascente), atrasa-se um dia no calendário e no sentido contrário, de nascente para poente é necessário adicionar-se mais um dia, pelo que num trajeto em que se verifique uma diferença horária de 20 horas, causaria apenas quatro horas de jet lag, isto desde que não haja escalas de paragem pelo meio.
O efeito de jet lag também pode ocorrer depois de um indivíduo ter passado várias noites seguidas acordado. Tal como ocorre nos viajantes que atravessam vários meridianos, se o organismo de determinado indivíduo está habituado a dormir a certa hora, pode levar tempo a recuperar as horas de sono perdidas e assim regressar ao seu ritmo circadiano normal.
Como amenizar os efeitos do jet lag
De acordo com pesquisas efetuadas, os passageiros frequentes já adotam alguns truques para “escaparem” aos efeitos do jet lag, nomeadamente recorrendo a uma dieta leve com alimentos frescos e saudáveis, a alternativa preferida pelos passageiros, ajustar o relógio ao horário do destino e permanecer acordado durante toda a viagem dormindo apenas quando chegar ao destino. Há ainda passageiros que adotam outras medidas como o uso de fármacos para dormir, prática de exercícios respiratórios durante o voo, ingestão de melatonina, homeopáticos e alongamentos.
Além disso alguns truques adicionais podem ser usados para minimizar os efeitos do jet lag, quando viajar.
– Tenha uma noite de sono repousante, começando por organizar, pelo menos 2 dias antes, toda a documentação necessária, as malas, roupas e objetos pessoais, por forma a que na noite anterior possa deitar-se e dormir sem preocupações.
– Ao adquirir as passagens aéreas, se possível programe voos que tenham horários previstos durante o dia no destino final, a fim de se habituar ao novo fuso horário.
– Nas semanas que antecedem a viagem experimente acordar a meio da noite, levante-se e após uns minutos volte a deitar-se, como se estivesse a preparar-se para se adaptar a um horário flexível diferente.
– Não tomar fármacos para dormir, sem a adequada prescrição médica, pois estes podem agravar os efeitos do jet lag além de outros efeitos secundários, devendo apostar em chás naturais.
– Assim que entrar no avião, ajuste todos os seus relógios ao horário local do seu destino.
– Durante o voo, evitar a ingestão de bebidas alcoólicas pois o álcool em altitudes muito elevadas aumenta o cansaço e pode causar desidratação à chegada; eliminar também o uso de cafeína e bebidas energéticas pois alteram os padrões de sono, optando por água.
– Não permaneça sentado durante muito tempo, devendo exercitar-se durante o voo e caminhar a fim de manter uma boa circulação do sangue.
– Alimente-se sempre de acordo com o horário local, isto é, as refeições principais devem ser feitas de acordo com o novo fuso horário.
– No destino exercite-se e faça caminhadas, aproveitando para conhecer melhor as novas realidades.
– Aproveite para dormir bem, respeitando os horários, e se necessário tente corrigir as falhas com pequenas sestas durante o dia.
Agora que já sabe como se deve proteger dos efeitos do jet lag de forma natural, e conhece algumas dicas para tornar a sua viagem mais confortável, que tal começar desde já a planear a próxima?