Embora um grande número de pessoas ainda tenha preocupações sobre os efeitos dos micro-ondas nos alimentos e na saúde, a ideia de que eles destroem os nutrientes dos alimentos e podem causar cancro é hoje amplamente considerado um mito.
A popularização do aparelho micro-ondas para uso doméstico ocorreu na década de 1970, quando os primeiros modelos começaram a ser produzidos e comercializados para o público em geral, tendo-se tornado desde então num eletrodoméstico comum em muitos lares à volta do mundo.
Segundo a “sabedoria popular”, tradicionalmente caraterizada por autoria desconhecida, a utilização do micro-ondas destrói os nutrientes dos alimentos, além de sua radiação, usada para os aquecer, provocar cancro. Na realidade, ao proporcionar uma cozedura rápida e com pouca água, perdem-se menos nutrientes.
Com efeito, o ruído que foi criado à volta do tema levou a que a Organização Mundial da Saúde (OMS) se pronunciasse, a fim de dissipar todas as dúvidas, tendo concluído que “quando usados de acordo com as instruções do fabricante, os fornos micro-ondas são seguros e convenientes para aquecer e cozinhar uma variedade de alimentos. No entanto vários cuidados devem ser tomados, especificamente no que diz respeito a uma potencial exposição às micro-ondas, queimaduras térmicas e manipulação de alimentos.”
Mais adianta a OMS, que o design dos fornos micro-ondas garante que as radiações fiquem contidas no seu interior e só possam estar presentes quando o forno estiver ligado e a porta fechada. O eventual vazamento ao seu redor e através da porta de vidro é limitado pelo próprio projeto a um nível consideravelmente abaixo do recomendado pelos padrões internacionais e só pode ocorrer caso não seja feita a limpeza adequada e a manutenção recomendada pelo fabricante.
Os fornos micro-ondas funcionam aquecendo a água, gordura e outras substâncias presentes nos alimentos, através de um processo que deriva da excitação das moléculas de água por micro-ondas, originando calor. Trata-se de um processo rápido e eficiente, que não causa uma degradação significativa dos nutrientes.
É verdade que alguns métodos de cozedura podem levar à perda de alguns nutrientes mais sensíveis à ação do calor. No entanto, estudos mostraram que devido ao tempo de cozedura mais curto e à menor exposição ao calor, os fornos micro-ondas são considerados um dos métodos menos agressivos em termos de preservação de nutrientes, quando comparados com os métodos convencionais.
Por outro lado, não há evidências científicas sólidas que sugiram uma ligação direta entre o uso de micro-ondas e o cancro. Os micro-ondas em si mesmos não são ionizantes, o que significa que não têm energia suficiente para causar danos no ADN e possam originar cancro. Além disso, as agências de saúde da generalidade dos países de todo o mundo, bem como a OMS e o Instituto Nacional do Cancro (NCI), dos EUA, não reconhecem os micro-ondas como um fator de risco significativo para o cancro, antes os consideram seguros, quando usados corretamente e sejam usados recipientes adequados para garantir que os alimentos sejam aquecidos de maneira uniforme e segura.
Estudos científicos exaustivos investigaram os efeitos dos fornos micro-ondas na comida e na saúde ao longo das últimas décadas e até ao momento não foram encontradas evidências convincentes de que os micro-ondas causem danos significativos aos nutrientes dos alimentos ou aumentem o risco de cancro.
As micro-ondas são ondas de rádio de alta frequência e, assim como a radiação visível (luz), fazem parte do espectro eletromagnético, sendo usadas principalmente para a transmissão de sinal de televisão, radar para ajuda à navegação aérea e marítima, bem como nas telecomunicações, incluindo smartphones. Também são utilizados na indústria para processamento de materiais, na medicina para tratamento de diatermia e em cozinhas para preparação de alimentos.
No seu trajeto, as micro-ondas são refletidas, transmitidas ou absorvidas pelos materiais, de modo semelhante à luz. Os materiais metálicos refletem totalmente as micro-ondas, enquanto os materiais não metálicos, como o vidro e alguns tipos de plástico, são na sua maioria absorventes das suas radiações. Materiais que contenham água, como por exemplo alimentos, fluídos ou tecidos, absorvem prontamente a energia das micro-ondas, que é de imediato convertida em calor.
Uma peculiaridade da cozedura através do forno micro-ondas está relacionada com a resposta térmica de alimentos específicos, com superfícies não porosas, compostas de materiais que aquecem a taxas diferentes como por exemplo gema e clara de ovo, que aquecem de forma irregular e podem por isso explodir, sempre que os ovos ou castanhas forem cozinhados com casca.
Ao contrário dos fornos convencionais, as micro-ondas são absorvidas apenas pelos alimentos e não pelos materiais da cavidade do forno e, na cozedura, devem ser utilizados pratos e recipientes especificamente concebidos para cozinhar no forno micro-ondas. Certos materiais, como plásticos não adequados para fornos de micro-ondas, podem derreter ou incendiar se forem sobreaquecidos. As micro-ondas não aquecem diretamente os recipientes de alimentos projetados para cozinhar em fornos micro-ondas, dado que esses materiais apenas aquecem ligeiramente quando entram em contacto com a comida quente.
Finalmente, os fabricantes de fornos micro-ondas não recomendam o funcionamento do forno vazio, porque na ausência de alimentos, a energia das micro-ondas pode refletir de volta para o gerador de ondas ultracurtas, designado por magnetrão, e danificá-lo.
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