Um dos últimos trabalhos dos investigadores do Centro de Distúrbios Cerebrais do Instituto Coreano de Ciência e Tecnologia (KIST) permitiu identificar um novo mecanismo neural numa região específica do cérebro que pode interferir na regulação dos sintomas de abstinência da nicotina.

Tendo isto por base, a prociclidina, um medicamento anticolinérgico utilizado no tratamento da doença de Parkinson, poderia efetivamente aliviar os sintomas quando se deixa de fumar, aumentando o seu potencial de uso terapêutico.

Quando o corpo deixa de receber nicotina, certas áreas do cérebro ficam hiperativas, produzindo sintomas como tremores, irritação, nervosismo, dificuldade de concentração, insónias ou aumento do apetite, entre outros. Esses sintomas interferem na vida diária das pessoas, fazendo com que voltem a fumar. De acordo com alguns estudos, 50% das pessoas que deixam de fumar começam a fumar novamente no primeiro mês de abstinência.

Realizado em ratinhos, o estudo identificou o papel dos interneurónios colinérgicos estriatais – responsáveis por ligar os neurónios entre si – através da inibição seletiva da expressão do canal de sódio desses interneurónios para reduzir a atividade neuronal. Essa ação aliviou significativamente os tremores causados pela privação da nicotina, pois a supressão dos interneurónios bloqueou completamente as alterações anormais na atividade neuronal.

Essa intervenção também resultou na restauração dos níveis de dopamina, que haviam diminuído durante a abstinência da nicotina. Com base nisto, a prociclidina poderia ser usada para combater esses sintomas.

Durante a investigação, administrou-se uma pequena dose aos ratinhos antes de induzir a abstinência de nicotina, reduzindo os tremores em mais de 50%.
De acordo com os especialistas, a nova abordagem pode melhorar o acesso a terapias para deixar de fumar e reduzir efetivamente os problemas de saúde originados pelo tabagismo.