Dieta que imita jejum pode beneficiar função renal
Em pacientes com doença renal crónica, a perda de podócitos – parte da barreira de filtração glomerular do rim – causa progressão irreversível da doença. Até agora, médicos e investigadores não tinham descoberto nenhuma forma de prevenir eficazmente os danos, a perda e a deterioração dos podócitos, o que levava à doença renal em estágio terminal.
Sabia que os rins processam diariamente cerca de 1 200 a 2 000 litros de sangue, produzindo cerca de 1,5 litros de urina diariamente? Nunca pensamos neles até alguma coisa começar a falhar...
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Mas um estudo conduzido por Laura Perin, Valter Longo e outros colaboradores internacionais revelou resultados promissores. Na investigação, publicada no jornal Science Translational Medicine, os especialistas alimentaram modelos animais com doença renal crónica (DRC) com uma dieta especializada com baixo teor de sal e que imitava o jejum (LS-FMD) equivalente à ingestão diária recomendada para pacientes humanos com DRC.
A equipa descobriu que seis ciclos dessa dieta retardaram a deterioração das estruturas e funções renais nos roedores. Mas induziu a reprogramação dos podócitos e restaurou as estruturas de filtração dos rins.
Os animais que receberam as intervenções dietéticas apresentaram uma redução significativa na proporção de albumina para creatina e nitrogénio ureico no sangue às quatro e seis semanas após seis ciclos de dieta, assim como uma redução significativa na lesão glomerular e tubular, em comparação com roedores alimentados livremente.
Quando se examinaram os modelos animais descobriu-se que a função e a estrutura dos seus rins foi melhorada a longo prazo. De acordo com a Dra. Perin, o perfil transcricional das principais estruturas renais assemelhava-se ao de um ratinho saudável. Houve evidências ao nível molecular e celular de que a dieta que imita o jejum induz a reprogramação dos podócitos e restaura a função renal na glomerulopatia.
Num estudo piloto onde participaram 13 pacientes com DRC, os ciclos da dieta que imita o jejum foram protetores dos rins, incluindo a redução da proteinúria e a melhoria da função endotelial em comparação com pacientes que não receberam intervenção dietética.
Os resultados revelaram que os ciclos de FMD podem promover reprogramação/regeneração em ratinhos e ratos, mas também aumentar as células progenitoras circulantes em humanos, logo, devem ser mais testados para o tratamento de doenças renais progressivas.
A dieta que imita o jejum parece induzir mudanças na expressão genética que retardam a degradação renal, sugerindo intervenções potenciais para pacientes com DRC.
