Cada medicamento que toma deixa marca nos seus rins
O que comemos, bebemos e as atividades que realizamos diariamente influenciam, para melhor ou para pior, a saúde dos nossos rins. Apesar de não lhes darmos a importância devida – muito provavelmente porque não são visíveis –, os rins têm um impacto extraordinário na nossa saúde geral pois são “o grande purificador” do organismo.
DOENÇAS E TRATAMENTOS
O FLAGELO DAS DOENÇAS RENAIS
Sabia que os rins processam diariamente cerca de 1 200 a 2 000 litros de sangue, produzindo cerca de 1,5 litros de urina diariamente? Nunca pensamos neles até alguma coisa começar a falhar... LER MAIS
Eliminam os resíduos acumulados (ureia, ácido úrico, creatinina), produzem algumas hormonas, como a eritropoetina, que estimula a medula óssea a produzir glóbulos vermelhos, além de contribuirem para a regulação da pressão arterial, manter ossos e dentes saudáveis e fortes e manter o equilíbrio hídrico e químico do sangue (água e sais minerais).
Não é um dos órgãos mais “escandalosos”, ou seja, não apresenta sinais claros quando trabalha muito ou lentamente. E quando os sintomas se evidenciam (inchaço muito percetível nos tornozelos e mãos, muito cansaço, dificuldade em respirar...), o rim já pode estar bastante afetado. O pior é que os problemas e doenças podem advir não apenas da pouca atenção e cuidado que lhes damos, mas até dos medicamentos que tomamos, pois cada medicamento que se toma deixa a sua marca nas células renais.
Aliás, alguns medicamentos atingem o seu propósito ao custo de alterar o funcionamento dos rins: ou danificam as suas células ou provocam a acumulação de “cristais” nos seus ductos que obstruem o fluxo da urina.
Até os medicamentos vendidos sem receita médica podem sobrecarregar os rins se tomados em excesso. Estima-se que 20% das lesões que sofrem são causadas pelo abuso de medicamentos e, na maioria dos casos, os danos são irreversíveis.
Se toma regularmente anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) – como, por exemplo, ibuprofeno ou naproxeno – deve ter cuidado porque este tipo de medicamentos afeta o sistema renal ao inibir a produção de prostaglandinas, substâncias responsáveis por manter a homeostase renal. A inibição dessas prostaglandinas pode levar a uma redução do fluxo sanguíneo e desequilíbrio na reabsorção de água e eletrólitos. O mesmo acontece com medicamentos para baixar o colesterol, como as estatinas (atorvastatina, sinvastatina...).
Os antidiabéticos orais, como a metformina e a insulina, também não são inofensivos e podem prejudicar o funcionamento do sistema renal, assim como alguns antiácidos (tão utilizados atualmente), principalmente se forem comprimidos efervescentes.
Algo semelhante acontece com os antibióticos e antivirais: até 60% dos casos de lesão renal aguda em pacientes hospitalizados ficam a dever-se a esses medicamentos. Os antivirais (incluindo o amplamente utilizado aciclovir) também podem danificar as células renais.