Cientistas identificam infeção bacteriana ligada a Alzheimer
Um novo estudo de investigadores do Gut Biome Lab da Universidade Estadual da Califórnia revelou uma potencial ligação entre uma infeção por bactérias intestinais e a progressão da doença de Alzheimer.
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Estima-se que, actualmente, existam 20 milhões de pessoas, em todo o mundo, a sofrer de Alzheimer. A cada ano que passa, 4,6 milhões de pessoas são atingidas. LER MAIS
A investigação, publicada no Journal of Infectious Diseases, permitiu descobrir que a bactéria Klebsiella pneumoniae – comum por causar infeções adquiridas em hospitais – pode migrar do intestino para a corrente sanguínea e, eventualmente, para o cérebro. Esta invasão bacteriana pode levar ao aumento da inflamação no cérebro e prejudicar as funções cognitivas, imitando os sintomas observados em pacientes com Alzheimer.
Segundo Ravinder Nagpal, diretor do Gut Biome Lab, as hospitalizações e os internamentos na UCI, combinadas com exposição a antibióticos, podem levar a um declínio adicional na diversidade do microbioma que deixa os adultos mais velhos em alto risco não só de problemas digestivos, mas também para patologias extraintestinais, como distúrbios neurodegenerativos, através de uma desregulação do eixo intestino-cérebro.
O estudo sugere que quando os antibióticos perturbam o intestino, isso pode levar a problemas não apenas no intestino, mas também no cérebro. Usando um modelo de ratinho pré-clínico, os especialistas mostraram que a exposição a antibióticos esgota a diversidade bacteriana intestinal e causa desequilíbrio do microbioma, o que promove a proliferação de K. pneumoniae ao criar um nicho favorável.
Quando isso acontece, a K. pneumoniae pode-se mover do intestino para a corrente sanguínea, passando pelo revestimento intestinal e, eventualmente, atingir o cérebro, desencadeando neuroinflamação e comprometimento neurocognitivo.
As descobertas realçam o risco potencial que as infeções hospitalares, como a K. pneumoniae, podem representar no desenvolvimento de doenças neurodegenerativas. As infeções hospitalares e sépticas são um dos fatores de risco que podem aumentar a predisposição para futuras deficiências neuroinflamatórias e neurocognitivas, especialmente em adultos mais velhos
Este estudo foi o primeiro a mostrar uma correlação direta entre a infeção por K. pneumoniae e a doença de Alzheimer, e abre caminho para investigações futuras sobre como tratar agentes infecciosos prejudiciais em populações vulneráveis, como idosos ou aqueles em recuperação de sepse.
Destacada fica a necessidade de abordagens terapêuticas inovadoras para combater a crescente prevalência da doença de Alzheimer, além das terapias existentes com proteína amiloide e tau. Investigações adicionais podem fornecer perceções sobre estratégias preventivas voltadas para a gestão de patógenos adquiridos em hospitais e à preservação da saúde cognitiva em populações envelhecidas.