Desenvolvido teste para detetar primeiros sinais de DII
Estima-se que mais de 6,8 milhões de pessoas sofram de doenças inflamatórias intestinais (DII), como a doença de Crohn ou a colite ulcerosa. O principal desafio que este tipo de doenças apresenta é o diagnóstico e o tratamento.
DOENÇAS E TRATAMENTOS
VIVER COM A DOENÇA DE CROHN
A Doença de Crohn é uma doença que interfere fortemente na qualidade de vida dos indivíduos afetados, e para a combater eficazmente, é necessário uma abordagem global e multidisciplinar. LER MAIS
Embora a ciência tenha feito progressos consideráveis ao nível do tratamento, ainda falta precisão de diagnóstico, superar problemas de intolerância ao mesmo e abordar o que os especialistas chamam de “ciclo de remissão e recaída”. Ou seja, ciclos em que o paciente parece melhorar da doença e depois tem recaídas, às vezes até com maior gravidade.
Além disso, as doenças inflamatórias intestinais estão associadas a um maior risco de cancro, pelo que este é outro aspeto fundamental a observar e monitorizar durante o tratamento.
As dificuldades no diagnóstico prendem-se com o facto de não existir um método preciso para detetar e diferenciar a inflamação ativa da doença crónica. Nenhuma das técnicas de diagnóstico utilizadas atualmente – ressonância magnética ou tomografia computadorizada – permite captar alterações na resposta imunitária do cólon ou analisar minuciosamente o estado das partes do intestino que não são acessíveis através da endoscopia e das quais não podem ser recolhidas amostras.
Assim, a equipa responsável por este estudo revolucionário lançou um método de imagem não invasivo de alta resolução que permite detetar com maior precisão a ativação do sistema imunológico.
A ferramenta testada denomina-se PET com Granzima B. A granzima B é uma enzima que as células do sistema imunológico libertam quando existem tecidos inflamados ou infetados. Trata-se de uma tomografia por emissão de positrões que utiliza a Granzima B como biomarcador para este tipo de distúrbios inflamatórios.
Através desta tecnologia consegue-se detetar em que partes do intestino essa enzima se encontra em maior ou menor grau, analisando efetivamente o seu estado em tempo real.
Para o estudo, os especialistas da Escola de Medicina de Harvard recolheram amostras de tecidos inflamados, com doença ativa e inativa, e tecidos saudáveis e observaram a expressão da granzima B. Os testes permitiram concluir que os tecidos saudáveis regulavam melhor essa enzima, enquanto os doentes apresentavam maior expressão de granzima B.
Foram ainda analisados tecidos de pessoas que reagiram bem ao tratamento para esse tipo de doença e de pessoas que não reagiram, tendo-se constatado que nas primeiras havia menor expressão de granzima B.
Combinando estes conhecimentos com a ferramenta PET com granzima B, seria possível detetar a tempo este tipo de doenças, determinar a necessidade de iniciar o tratamento e monitorizar a resposta ao tratamento para garantir o seu sucesso. Assim, esta técnica poderia mudar significativamente a trajetória da doença, sendo considerada uma ferramenta de medicina de precisão.