EPILEPSIA

Medicamentos para hipertensão podem prevenir epilepsia

Uma classe de medicamentos para baixar a pressão arterial já existentes no mercado parece reduzir o risco dos adultos desenvolverem epilepsia, apurou uma equipa de investigadores da Stanford Medicine. A descoberta resulta de uma análise dos registos médicos de mais de 2 milhões de americanos que tomam medicamentos para a hipertensão.

Medicamentos para hipertensão podem prevenir epilepsia

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EPILEPSIA - O que é e como conviver com ela?


A investigação, publicada na JAMA Neurology, sugere que os medicamentos, denominados bloqueadores dos receptores da angiotensina, poderiam prevenir a epilepsia em pessoas com maior risco de contrair a doença, incluindo idosos que haviam sofrido derrames.

Entre os idosos, o fator de risco mais comum para o desenvolvimento de epilepsia é o acidente vascular cerebral – cerca de 10% dos sobreviventes de AVC apresentam convulsões em cinco anos. Mas as doenças vasculares e a hipertensão crónica, mesmo na ausência de AVC, também aumentam o risco de epilepsia.

Embora os medicamentos anticonvulsivantes possam ser utilizados para controlar a epilepsia após o diagnóstico, não foi aprovado nenhum medicamento para prevenir o distúrbio em pessoas com alto risco de o desenvolver. No entanto, durante a última década, alguns estudos sugeriram que um tipo de medicamento para a pressão arterial pode ajudar a suprimir as convulsões devido à sua capacidade de conter a inflamação.

Este aspeto seria particularmente adequado para prevenir convulsões que se seguem a AVCs ou lesões cerebrais traumáticas, uma vez que ambos causam inflamação cerebral que pode desencadear epilepsia.

Em 2022, um estudo que incluiu mais de 160.000 pessoas na Alemanha descobriu que as pessoas que tomavam bloqueadores dos receptores da angiotensina tinham um risco reduzido de desenvolver epilepsia. Estes medicamentos bloqueiam certos receptores hormonais, levando à redução da pressão arterial e à diminuição da inflamação nos vasos sanguíneos e noutros órgãos, incluindo o cérebro.

No novo estudo, Kimford Meador e colegas da Universidade de Rhode Island recorreram a uma base de dados nacional que inclui informações sobre pedidos de cuidados de saúde de mais de 20 milhões de americanos inscritos em planos de seguro de saúde ou no Medicare.
A sua análise concentrou-se em 2,2 milhões de adultos diagnosticados com tensão alta, que tomavam pelo menos um medicamento para a tensão e que ainda não tinham epilepsia.

Os especialistas concluíram que, no geral, as pessoas que tomaram bloqueadores dos receptores da angiotensina tiveram um risco 20% a 30% menor de desenvolver epilepsia entre 2010 e 2017, em comparação com as pessoas que tomaram outros medicamentos para a pressão arterial.
Esta diferença manteve-se mesmo quando os pacientes com AVC foram retirados da análise, o que sugere que as taxas mais baixas de epilepsia não foram resultado apenas de uma diminuição do risco de AVC.

Os dados indicaram ainda que um bloqueador específico dos receptores da angiotensina – o losartan – teve o efeito mais poderoso na redução do risco de epilepsia, no entanto, segundo a equipa de investigadores, são necessários mais estudos para o confirmar.

É provável que todos os medicamentos para a pressão arterial tenham um impacto na diminuição do risco de epilepsia porque a hipertensão arterial é um fator que contribui para esta doença neurológica. Mas a nova investigação sugere que os bloqueadores dos receptores da angiotensina podem ser mais benéficos do que outros anti-hipertensivos para reduzir o risco de epilepsia nos pacientes.

Este poderia ser um novo capítulo na história da medicina preventiva. Há tantas pessoas com hipertensão ou que sofreram um AVC, e saber que esta classe de medicamentos não só reduz a pressão arterial, mas ainda ajuda a diminuir o risco de epilepsia, pode mudar a forma de tratamento.

Mas, antes de mudar as diretrizes de tratamento, são necessários ensaios clínicos randomizados para provar a associação entre os bloqueadores dos receptores da angiotensina e a redução do risco de epilepsia.

Fonte: Tupam Editores

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