Fibra dietética é crítica no controle da hipertensão
A hipertensão continua a ser um problema de saúde global, contribuindo para 19% das mortes em todo o mundo. Numa revisão internacional liderada pela Universidade Monash, uma equipa de biólogos destacou o papel fundamental da fibra alimentar no controlo da hipertensão e na redução do risco de doenças cardiovasculares, e apela à inclusão da fibra alimentar nas diretrizes clínicas.
DOENÇAS E TRATAMENTOS
HIPERTENSÃO
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Apesar das inúmeras diretrizes que aconselham modificações no estilo de vida como tratamento de primeira linha para a hipertensão, a recomendação específica para a ingestão de fibras não está entre elas.
A fibra dietética emergiu como uma parte crucial, mas subestimada, do controle da hipertensão. Esta análise enfatiza as evidências da eficácia da fibra alimentar na redução da pressão arterial e no risco de eventos cardiovasculares.
Foi possível descobrir que uma maior ingestão de fibra alimentar está associada a uma redução significativa na pressão arterial sistólica e diastólica, independente das intervenções farmacológicas. Estima-se que cada 5 gramas adicionais de fibra por dia reduzam a pressão arterial sistólica em 2,8 mmHg e a pressão arterial diastólica em 2,1 mmHg.
A fibra dietética promove a saúde cardiovascular através de vários mecanismos, incluindo a modulação da microbiota intestinal e a produção de ácidos gordos de cadeia curta (SCFAs). Esses SCFAs produzem efeitos anti-inflamatórios e regulam a função imunológica, o que contribui para a redução da pressão arterial.
Apesar dos evidentes benefícios da fibra alimentar, a ingestão global ainda é insuficiente, com o consumo médio a rondar os 11 gramas por dia. Para controlar eficazmente a hipertensão, a revisão sugere uma ingestão diária mínima de >28g/dia para as mulheres e de >38g/dia para os homens.
O estudo destaca a necessidade urgente de os profissionais de saúde considerarem a fibra alimentar como vital para o controle da hipertensão. Ao incorporar fibra alimentar nos planos de tratamento e capacitar os pacientes para a necessidade de aumentarem a sua ingestão, pode-se reduzir significativamente o fardo desta doença e melhorar os resultados cardiovasculares.
Para a principal autora do estudo, a Professora Francine Marques, os resultados da revisão têm implicações significativas para iniciativas de saúde pública e para futuras diretrizes sobre hipertensão.