Está a pensar deixar de beber café? Conheça os benefícios
A cafeína é o composto psicoativo mais consumido no mundo. Após a ingestão ela é rapidamente absorvida pelo organismo, atingindo o pico do efeito em duas horas. O facto de ser solúvel em água e gordura faz com que penetre em todos os tecidos, o que explica por que razão pode afetar diferentes partes do corpo.
Os adultos não devem consumir mais de 400 mg de cafeína por dia, ou seja, aproximadamente quatro chávenas de café. Mais do que isso poderia dar origem a tremores musculares, náuseas, dores de cabeça, batimentos cardíacos acelerados e até morte (em casos extremos).
No entanto, mesmo aquelas pessoas que ingerem apenas algumas chávenas de café ou de chá diariamente experimentam alguns efeitos adversos, como irritabilidade, dificuldade para adormecer e nervosismo. É por isso que cada vez mais pessoas consideram abandonar a cafeína. Se é o seu caso, fique a saber quais os benefícios desta decisão para a sua saúde.
Importa esclarecer que a cafeína só afeta o sono quando ingerida ao fim da tarde e à noite. Isso acontece porque a substância atrasa a libertação da melatonina (hormona que regula o ciclo sono-vigília) em 40 minutos. Além disso, ainda reduz o tempo total de sono e encurta o período de sono profundo.
Isto contribui para aumentar o cansaço no dia seguinte. Ao interromper a cafeína o sono melhora, e as evidências sugerem que as melhorias são percebidas em apenas 12 horas.
A cafeína também tem sido associada ao aumento de ansiedade e de ataques de pânico – e não apenas em pessoas com pré-disposição para problemas de saúde mental. Reduzir ou eliminar a cafeína pode melhorar o humor. Em parte, isso pode ocorrer por melhorar o sono. A privação do sono pode agravar a ansiedade e outros transtornos de humor.
Ao nível gastrointestinal, reduzir ou eliminar a cafeína também pode acabar a com a azia e indigestão. A cafeína induz a secreção ácida no estômago e enfraquece o esfíncter esofágico, que controla o refluxo do conteúdo do estômago para o esôfago – provocando azia e indigestão.
A cafeína também atua na musculatura lisa do intestino, principalmente no cólon, fazendo com que este se contraia e desencadeie a vontade de evacuar. Pode ainda alterar a consistência das fezes – especialmente se se exagerar na quantidade, pois esta substância afeta a absorção de água. Reduzir a ingestão de cafeína pode diminuir a vontade de evacuar, e alterar a consistência das fezes.
Atua ainda como um diurético leve provocando aumento na produção de urina. Isto porque se liga aos receptores de adenosina nos rins, o que altera a forma como o sódio é trocado, afetando a retenção de água. Também há evidências de que é irritante para a bexiga, podendo originar uma vontade mais frequente de urinar. Abandonar a cafeína pode diminuir as idas diárias à casa de banho.
Embora alguns estudos não tenham revelado grandes mudanças, abandonar a cafeína também pode diminuir a pressão arterial e a frequência cardíaca. Isto porque se alguém consumir cafeína diariamente durante muitos anos, o seu organismo adapta-se à exposição – e esta torna-se a nova norma, com os seus efeitos estimulantes no sistema nervoso, intestinos e coração.
Parece haver ainda um componente genético na tolerância e no metabolismo da cafeína, o que pode significar que algumas pessoas são mais afetadas por ela do que outras. Mas esta ligação ainda precisa de ser mais investigada.
Até os dentes podem beneficiar com a eliminação da cafeína, pois ficarão mais brancos – não diretamente por causa da cafeína, mas porque o chá e o café contêm compostos, incluindo taninos, que mancham os dentes.
As evidências também sugerem que as bebidas com cafeína podem reduzir a quantidade de saliva produzida, o que normalmente protege os dentes contra danos.
Pode ainda aperceber-se de uma sensibilidade gustativa aumentada em relação a alimentos e bebidas doces após abandonar a cafeína, pois esta interfere no sabor das substâncias doces.