A maioria das mulheres com cancro do ovário é diagnosticada com a forma mais avançada da doença. Menos de um terço das doentes sobrevive cinco anos depois. É o terceiro tipo mais comum de cancro ginecológico, sendo responsável globalmente por mais de 200.000 mortes apenas em 2020, de acordo com um estudo recente.

A obesidade é uma pandemia não infecciosa reconhecida que eleva a incidência de cancro do ovário epitelial, aumenta o sucesso metastático e reduz a sobrevida. Ao que parece um índice de massa corporal (IMC) alto está relacionado com alterações na estrutura e no ambiente dos tumores cancerígenos.

O objetivo do estudo era entender por que razão a obesidade torna este tipo de cancro mais mortal. Durante a investigação, a equipa analisou tecidos tumorais de pacientes com cancro do ovário. Ao compararem os tecidos de pacientes com IMC alto com aqueles com menor IMC destacaram-se duas diferenças importantes.

Em pacientes com cancro com IMC superior a 30, os investigadores depararam-se com um padrão específico no tipo de células imunológicas que cercam os tumores cancerígenos. Descobriram uma mudança nas populações de um tipo de células imunes, denominadas macrófagos, que se infiltram no tumor, que estão tipicamente associadas a estágios de cancro mais avançados e de baixa sobrevivência.

Os tumores cancerígenos em pacientes obesos também estavam cercados por tecido fibroso mais rígido, conhecido por ajudar os tumores a resistir ao tratamento quimioterápico.

As descobertas dos investigadores foram confirmadas ainda através da observação de padrões semelhantes em ratinhos portadores de cancro do ovário alimentados com uma dieta rica em gordura.

Segundo M. Sharon Stack, este estudo oferece esperança de melhores tratamentos à medida que a prevalência da obesidade aumenta em todo o mundo. Espera-se que as descobertas levem a novas estratégias para terapias direcionadas que possam melhorar os resultados em pacientes com cancro do ovário.