Substância natural pode atenuar consequências da DRC
Um estudo levado a cabo por nutricionistas da Universidade Federal Fluminense, no Brasil, sugere que a própolis, uma resina natural recolhida da casca e folhas das árvores pelas abelhas para proteger e manter as colmeias, pode ajudar a aliviar as consequências da doença renal crónica (DRC) no organismo.
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A própolis pertence aos produtos recolhidos e processados pelas abelhas. A própolis é um produto vegetal – uma mistura resinosa recolhida pelas abelhas da seiva de árvores decíduas e fendas na casca de árvores coníferas e caducifólias, à qual são adicionadas cera de abelha e a secreção das glândulas mandibulares e hipofaríngeas destes insetos. Além das resinas, que constituem cerca de 50% da própolis, e da cera, que constitui cerca de 30% do seu conteúdo, a própolis também contém óleos essenciais, pólen e outros componentes orgânicos, constituindo respetivamente 10%, 5% e 5% do seu conteúdo.
Vários estudos realizados in vitro e em animais mostraram que esta substância tem excelentes propriedades anti-inflamatórias, no entanto, nenhum estudo havia sido realizado em pacientes com DRC e fazer hemodiálise. O presente estudo tinha como objetivo avaliar os efeitos da suplementação de própolis sobre marcadores inflamatórios em pacientes com DRC em hemodiálise.
O estudo longitudinal, duplo-cego, controlado por placebo, contou com a participação de 41 pacientes que foram divididos aleatoriamente em dois grupos: o grupo do própolis (4 cápsulas de 100 mg/dia contendo extrato de própolis verde seco EPP-AF® concentrado e padronizado) e o grupo do placebo (4 cápsulas de 100 mg/dia contendo celulose microcristalina, estearato de magnésio e dióxido de silício coloidal), durante dois meses.
O estudo, publicado na revista Complementary Therapies in Clinical Practice, seguiu 21 pacientes no grupo própolis (45 ± 12 anos, 13 mulheres, IMC, 22,8 ± 3,7 kg/m2) e 20 no grupo placebo (45,5 ± 14 anos, 13 mulheres, IMC , 24,8 ± 6,8 kg/m2).
Os resultados revelaram que a intervenção com própolis reduziu significativamente os níveis séricos do fator de necrose tumoral α (TNFα) (p = 0,009), e ainda teve tendência para reduzir os níveis da proteína inflamatória macrófaga-1β (MIP-1β) (p = 0,07).
De acordo com Larissa Fonseca, uma das autoras do estudo, o extrato de própolis atenuou as consequências que a DRC em estágio avançado traz ao organismo, diminuindo a inflamação e o stress oxidativo.
No futuro, o objetivo é avaliar se existem outros alimentos, como curcuma, arando e chocolate amargo, por exemplo, capazes de atenuar a inflamação e o stress oxidativo nestes doentes.