Ruído do trânsito pode aumentar a pressão arterial
A exposição frequente aos ruídos do tráfego em ruas ou estradas aumenta a pressão arterial, e quanto maior a poluição sonora, maior o risco, sugere um estudo desenvolvido pelo American College of Cardiology e liderado pela cientista Jing Huang, professora da Universidade de Pequim, na China.
Vulgarmente conhecida por "tensão alta", a hipertensão arterial (HTA) é uma das doenças com maior prevalência no mundo moderno e o problema de saúde pública mais importante em Portugal.
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Investigações anteriores mostraram uma relação significativa entre o tráfego rodoviário ruidoso e o aumento do risco de hipertensão, no entanto, não estava claro quem desempenhava um papel maior – se o ruído ou a poluição do ar. O novo estudo, publicado recentemente no JACC Advances, permitiu concluir que é a exposição ao próprio ruído do tráfego rodoviário que pode elevar o risco de hipertensão.
Os especialistas conduziram um estudo prospetivo utilizando dados do UK Biobank que analisou os resultados de saúde ao longo do tempo. Foram analisados os dados de 246.477 pessoas (com idades entre 40 e 69 anos) inicialmente sem hipertensão. O ruído do tráfego rodoviário foi estimado com base no local de residência e no Método de Avaliação de Ruído Comum, uma ferramenta europeia.
O acompanhamento durou, em média, 8,1 anos e permitiu descobrir que as pessoas que vivem perto do ruído do tráfego rodoviário tinham mais propensão para desenvolver hipertensão, mas também descobriram que o risco aumentava em conjunto com a “dose” de ruído.
Segundo Huang, dos participantes, 21.140 apresentaram incidência de hipertensão primária, o equivalente a 8,5% da amostra. Observou-se ainda que esse risco aumentava à medida que elevavam os níveis de barulho ao qual o morador era exposto. Dos participantes, 6,2% foram expostos a barulho de trânsito com intensidade maior que 65 decibéis, 5,9%, entre 60 e 65 decibéis, 35,9%, entre 55 e 60.
Os investigadores verificaram que a associação entre barulho de tráfego e pressão alta manteve-se mesmo quando se considerou a poluição do ar causada por dióxido de nitrogénio e pequenas partículas. Um ponto chamou a atenção da equipa: os participantes expostos aos dois fenómenos apresentavam um risco ainda maior de desenvolver hipertensão.
Essas descobertas indicam que a formulação de políticas pode aliviar os impactos adversos do ruído do tráfego rodoviário como um esforço social. Os dados apresentados fornecem evidências de maior qualidade para justificar o potencial de modificar o ruído do tráfego rodoviário e a poluição do ar tanto a nível individual quanto social, na melhoria da saúde cardiovascular.
Atualmente estão em curso estudos de campo para entender melhor os mecanismos fisiopatológicos pelos quais o ruído da estrada afeta a hipertensão.
