Num ensaio clínico internacional de fase 3a, adolescentes com obesidade que receberam o semaglutido uma vez por semana, em comparação com placebo, tiveram uma diminuição de 16,1% no seu índice de massa corporal (IMC), enquanto o IMC dos adolescentes que tomaram o placebo aumentou 0,6%.

As taxas de obesidade continuam a aumentar em todo o mundo. Apesar das recomendações para alterar o estilo de vida, vivemos num ambiente em que pode ser muito difícil fazer essas mudanças, pelo que existe uma necessidade real de medicamentos seguros e eficazes para tratar a condição.

O semaglutido é uma substância que imita uma hormona denominada peptídeo-1 semelhante ao glucagon para atingir áreas do cérebro que diminuem o apetite e melhoram o controlo da alimentação. O medicamento foi aprovado em 2021 para o controlo de peso crónico em adultos com obesidade ou excesso de peso.

Para avaliar se o semaglutido também é eficaz em jovens, os investigadores inscreveram 201 adolescentes com idade entre os 12 e os 18 anos com obesidade ou excesso de peso em vários centros. Os participantes receberam injeções subcutâneas de semaglutido 2,4 mg uma vez por semana, ou um placebo, e todos receberam intervenção concomitante no estilo de vida – aconselhamento sobre nutrição saudável e atividade física – durante o estudo.

Após 68 semanas, 72,5% dos participantes que receberam o semaglutido alcançaram pelo menos 5% de perda de peso em comparação com apenas 17% daqueles que receberam o placebo. De acordo com o autor sénior Silva Arslanian, os resultados foram surpreendentes. Para uma pessoa com 1,50 metro de altura e 190 kgs de peso, a redução média no IMC equivale a perder cerca de 18 kgs.

A obesidade afeta quase uma em cada cinco crianças e adolescentes em todo o mundo. Esta doença crónica está ligada à diminuição da expetativa de vida e maior risco de desenvolver problemas de saúde graves, como diabetes tipo 2, doenças cardíacas, doença hepática gordurosa não alcoólica, apneia do sono e certos tipos de cancro. Os adolescentes com obesidade também têm maior propensão para desenvolver depressão, ansiedade, baixa autoestima e outros problemas psicológicos.

Os resultados do estudo mostraram que os participantes que tomaram o semaglutido tiveram melhorias nos fatores de risco cardiovascular, incluindo circunferência da cintura, uma medida de açúcar no sangue designada HbA1c, colesterol total, lipoproteína de baixa densidade (LDL) e muito baixa densidade (VLDL), triglicéridos e enzimas hepáticas, em comparação com o grupo do placebo. No entanto, não houve diferença estatisticamente significativa na pressão arterial ou no colesterol HDL entre os dois grupos.

Os participantes que tomaram o semaglutido apresentaram ainda melhores medidas de qualidade de vida relacionadas ao peso, principalmente devido a um aumento nas pontuações de conforto físico, em comparação com os seus pares do grupo placebo.
Segundo os investigadores este é o primeiro medicamento para obesidade a ser associado a essas melhorias na qualidade de vida dos adolescentes.