Relação entre dor crónica e sofrimento emocional é bidirecional
Novas evidências epidemiológicas e neurocientíficas sugerem que a relação entre dor crónica e sofrimento emocional é bidirecional, o que pode colocar em causa o efeito dos analgésicos, afirmam os investigadores Mark Sullivan e Jane Ballantyne, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
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A hipótese dos dois especialistas é baseada em novas evidências científicas que indicam que a dor emocional ativa vários dos mesmos centros cerebrais límbicos que a dor física. Isso é especialmente verdadeiro, afirmam eles, para as síndromes de dor crónica mais comuns - dores nas costas, dores de cabeça e fibromialgia.
Os opioides podem até fazer os pacientes sentirem-se melhor no início, mas, a longo prazo, esses medicamentos provocam mal-estar, afirmam os autores do estudo.
De acordo com os cientistas, as novas evidências indicam que o sistema de recompensa do organismo pode ser mais importante do que o dano físico que ocorre na transição da dor aguda para a crónica.
O sistema de recompensa é influenciado pelo sistema opioide endógeno, um sistema que se liga a várias áreas do cérebro. Esse sistema inclui a libertação natural de endorfinas quando a pessoa faz atividades prazerosas. Quando esse sistema de recompensa é alterado por opioides medicamentosos, aumenta o fator de risco para a depressão.
Em vez de ajudar a combater a dor, o uso persistente de opioides pode estar a contribuir para aumentar o risco de sintomas depressivos.
“A terapia com opioides a longo prazo, que pode durar meses ou anos, deveria ser usada raramente, porque esses medicamentos não são eficazes contra a dor crónica, prejudicam a função social e emocional humana e podem levar à dependência ou vício em opioides”, afirmaram os autores do estudo.