As práticas atuais para o tratamento e prevenção da dor nas costas sugerem uma combinação de exercício e de educação, no entanto, algumas formas de exercício não são acessíveis a muitas pessoas devido ao elevado custo, complexidade e necessidade de supervisão.

O objetivo do estudo, publicado no The Lancet, era descobrir se caminhar poderia ser uma intervenção eficaz, económica e acessível para as pessoas que sofrem de dor lombar. Foram acompanhados 701 adultos (com 18 anos ou mais) que haviam recuperado recentemente de um episódio de dor lombar, que foram aleatoriamente distribuídos para um programa de caminhada individualizado e seis sessões educativas guiadas por fisioterapeutas durante seis meses, ou para um grupo de controle sem tratamento.

Os participantes foram acompanhados por um período mínimo de 12 meses e máximo de 36 meses, dependendo da data de inscrição.

Os resultados permitiram apurar que o grupo de intervenção teve menos ocorrências de dor que limitava a atividade em comparação com o grupo de controle, e um período médio mais longo sem ter uma recorrência, com uma média de 208 dias em comparação com 112 dias. Segundo o professor Mark Hancock, as descobertas podem ter um impacto profundo na forma como a dor lombar é tratada.

Não se sabe exatamente por que caminhar é tão bom para prevenir dores nas costas, mas é provável que se deva à combinação de movimentos oscilatórios suaves, carga e fortalecimento das estruturas e músculos da coluna vertebral, relaxamento e alívio do stress, e libertação de endorfinas do “bem-estar”. Além disso, caminhar proporciona outros benefícios à saúde, seja a nível cardiovascular, densidade óssea, peso saudável e na saúde mental.

A Dra. Natasha Pocovi, autora principal do estudo, refere ainda que além de proporcionar períodos mais longos sem dor aos participantes, este programa revelou-se muito económico. Não só melhorou a qualidade de vida das pessoas, como ainda reduziu em aproximadamente metade a necessidade de procurar cuidados de saúde e o tempo de ausência do trabalho.

As intervenções que incluíam exercícios para prevenir dores nas costas anteriormente exploradas baseavam-se normalmente em grupos e necessitavam de supervisão clínica rigorosa e equipamentos dispendiosos, por isso são muito menos acessíveis à maioria dos pacientes. Mas o estudo revelou que este tipo de exercício, eficaz e acessível a todos, tem potencial para ser implementado com sucesso a uma escala muito maior do que outras formas de exercício.

O próximo objetivo dos especialistas é explorar de que forma se pode integrar uma abordagem preventiva nos cuidados de rotina dos pacientes que sofrem de dor lombar recorrente.