No estudo, publicado na revista de acesso aberto Current Biology, os investigadores induziram dor crónica em ratinhos de laboratório e trataram alguns deles com injeções de psilocibina.

Investigações anteriores haviam sugerido que aproximadamente 20% dos adultos nos EUA passaram por períodos de dor crónica – uma estatística que provavelmente desempenhou um papel na atual epidemia de opiáceos. Uma vez que esses medicamentos podem causar muitos problemas, os médicos especialistas continuam à procura de alternativas.

A psilocibina (um composto à base de cogumelos que pode causar sintomas psicadélicos) tem sido referida por pessoas que a utilizam ilegalmente como tratamento para as dores crónicas, o que levou a comunidade científica a prestar atenção ao alcaloide. Alguns estudos já demonstraram que pode ser útil no tratamento de pessoas com depressão ou dependências.

Para descobrir se o medicamento pode ajudar a reduzir a dor crónica, a equipa injetou formaldeído em vários ratinhos numa das patas, isto porque se descobriu que esta ação causa uma inflamação dolorosa que pode durar vários meses. Seguidamente injetaram alguns animais com uma dose baixa de psilocibina, outros com doses altas do alcaloide e outros ainda com água salgada.

O próximo passo foi testar a sensibilidade dos ratinhos à dor, o que fizeram picando periodicamente as suas patas ou expondo-os a uma placa quente durante o mês seguinte. Constataram, então, que os ratinhos que receberam a psilocibina, independentemente da dose, eram claramente menos sensíveis às picadas. Não se observaram alterações quando os animais foram expostos à placa quente ou nos animais que haviam sido injetados com água salgada.

Os investigadores sugerem que a psilocibina reduz a dor crónica nos ratinhos provavelmente remodelando o cérebro de maneira semelhante à forma como a dor crónica remodela o cérebro. Entretanto, são necessárias outras investigações para descobrir se a psilocibina pode ajudar os pacientes humanos com dor crónica.