De acordo com os últimos dados da Organização Mundial da Saúde e do Comité de Segurança da Saúde da UE, mais de 251400 pessoas foram já contagiadas com a influenza A [H1N1], também conhecida por gripe suína, e este número continua a crescer diariamente. Dos casos registados em todo o mundo, o número de óbitos como resultado da pandemia é de 2545 até à quarta semana de Agosto.
Em Portugal, segundo o Ministério da Saúde, o último balanço aponta para 2244 casos confirmados, correspondendo, na sua maioria, a contágios secundários ou terciários, ou seja, infecções adquiridas no interior das fronteiras nacionais.
A pandemia ainda não causou mortes no país, mas a sua rápida progressão obrigou as autoridades sanitárias a tomar sérias medidas preventivas e a redobrar a vigilância. São emitidos relatórios semanais sobre os casos de infecção pelo vírus, verificando-se 374 novos contágios apenas entre os dias 20 e 23 de Agosto.
O potencial pandémico do vírus fez disparar o alarme na OMS há pouco mais de dois meses, elevando o nível de alerta para grau seis, considerado o máximo da escala, embora se admita que, apesar do seu avanço por mais de 177 países, a gripe A [H1N1] continua a ser uma doença moderada.
Pelos critérios da OMS, esta evolução no nível de alerta é a resposta à propagação da doença que ocorre sempre que o vírus atinja, pelo menos, um país de um segundo continente, verificando-se a sua transmissão regular entre as pessoas. Nesta fase, os planos de emergência devem ser activados, para além de implicar também "decisões sobre o desenvolvimento de uma vacina", conforme garantiu a directora da OMS, Margaret Chan. Aquela responsável pediu que a produção da vacina contra a gripe convencional fosse suspensa, por forma a concentrar todos os esforços no desenvolvimento de uma vacina eficaz contra o [H1N1], que implica mais pesquisas e testes. Prevê-se que as primeiras doses ainda demorem pelo menos dois a três meses a ser disponibilizadas, após os necessários testes em humanos já em curso nos EUA e em outros países.
Os especialistas receiam que o vírus que causou a epidemia possa sofrer novas mutações e origine uma pandemia de difícil controlo. Esta alteração patogénica pode verificar-se quando uma segunda vaga de infecções ocorrer, processo que aparentemente já se iniciou em alguns países. Actualmente, o vírus está mais activo no hemisfério sul, particularmente no continente americano e na Austrália, mas o [H1N1] pode intensificar-se durante a temporada de gripe invernal no hemisfério norte.
Por outro lado, os especialistas consideram que esta nova estirpe do vírus é mais benigna do que se esperava. O perigo poderia ser potenciado caso ocorresse uma mutação do vírus da gripe aviária que atingiu, em 2004, os países do sudoeste asiático. A pandemia da gripe suína está mais relacionada com a quantidade de vítimas contagiadas que com a gravidade da doença, sendo as probabilidades de morte semelhantes às de qualquer outro tipo de influenza, já que apresenta, por enquanto, uma baixa virulência.
Como surge a gripe A
Inicialmente designada como gripe suína, o surto desta doença teve o seu epicentro, em meados de mês de Março, no México. Daquele país alastrou rapidamente para o norte do continente, atingindo, em pouco tempo, os países europeus e chegando mesmo à longínqua Oceânia. O continente africano é, até ao momento, a região menos afectada. Contudo, os dados mais recentes divulgados pela OMS indicam que os primeiros sinais da pandemia já atingiram países como o Gana e a Zâmbia, tendo também atravessado as fronteiras da paradisíaca Polinésia, mais especificamente, no atol do Tuvalu.
Trata-se de uma infecção respiratória aguda, altamente contagiosa entre os suínos, causada por um vírus influenza tipo A, mais especificamente o [H1N1]. Ocasionalmente o vírus ultrapassa a barreira entre as espécies e afecta os humanos, como ocorreu em 1988, no estado de Wisconsin, nos EUA, onde um surto infeccioso nos suínos também contaminou as pessoas. Uma década antes, a mesma estirpe de vírus tinha surgido numa base do exército norte-americano em Fort Dix, tendo desaparecido tão rápida e misteriosamente como surgiu, não se conhecendo também os factores que terão limitado a sua disseminação.
Este episódio deu origem, no entanto, a um programa de imunização massiva contra a gripe suína (cerca de 24 por cento da população) que só foi cancelado quando os relatórios preliminares registaram as primeiras mortes devido à nova vacina. O resultado final apontava para cerca de 500 afectados com a síndrome de Guillain-Barre, doença que causa paralisia, para além da ocorrência de 25 mortes. Os temores de uma réplica da gripe espanhola nunca chegaram a concretizar-se já que o vírus ficou confinado àquela base.
Sabe-se que o vírus da gripe suína foi isolado pela primeira vez num porco em 1930, mas o surto de gripe A [H1N1] de 2009, aparentemente, não é causado por um vírus exclusivo da gripe suína. Este novo subtipo é uma combinação, nunca antes observada, com material genético de vírus da gripe humana, aviária e suína, o que o torna diferente de qualquer outro tipo de influenza e, ao contrário do vírus típico da gripe suína, de mais fácil transmissão entre humanos.
À semelhança de todos os vírus da influenza, também o dos suínos muda de forma constantemente e pode ser afectado tanto por vírus humanos como das aves. Quando os vírus de outras espécies infectam os suínos podem reagrupar-se, ou seja, intercambiar os seus genes, dando origem, ao longo dos anos, a novas variantes de gripe suína. Actualmente são conhecidos quatro subtipos de vírus de influenza tipo A, isolados em suínos: [H1N1], [H1N2], [H3N2] e [H3N1].
Contudo, a origem deste novo tipo de vírus é ainda desconhecida. Daí a posição assumida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que alertou sobre a denominação incorrecta dada originalmente à doença, uma vez que o novo subtipo ainda não foi isolado em nenhum suíno. A pressão dos suinicultores, receando o impacto negativo nas vendas, obrigou à alteração do nome para gripe mexicana ou norte-americana, já que teria surgido em simultâneo no México e no sul dos Estados Unidos. Assim, a 30 de Abril, a OMS passou a referir-se à doença como gripe A.
O vírus [H1N1] é um dos descendentes da gripe espanhola que causou uma pandemia devastadora no período de 1918 a 1919, afectando um terço da população mundial, mais de 500 milhões de pessoas, com um trágico balanço de cerca de 50 milhões de óbitos. O vírus original apenas afectava as aves mas, através de mecanismos desconhecidos, adquiriu a capacidade de infectar pessoas e de se propagar rapidamente. Mais tarde, o [H1N1] de 1918 foi transmitido de humanos aos suínos, em cuja espécie tem circulado até ao momento.
Outra manifestação da mesma família viral da influenza ocorreu no período de 1957 a 1958 com a gripe asiática [H2N2], que vitimou dois milhões de pessoas. Decorridos dez anos, entrou em cena um novo subtipo de vírus, o [H3N2], que deu origem à chamada gripe de Hong Kong, responsável por cerca de um milhão de mortes. Mais recentemente, surgiu o [H5N1], mais conhecido por gripe aviária, de difícil transmissão de aves para humanos, exceptuando nos casos em que se verifique uma mutação do vírus. Este último não ocasionou pandemia, pois a transmissão do vírus a outros humanos, além de rara, é dificultada pelo facto deste se concentrar em maior profusão nas células mais profundas dos pulmões. Pelo ontrário, o vírus humano afecta as células das vias aéreas do tracto respiratório superior, propagando-se, de forma mais fácil, através da tosse e do espirro.
Formas de prevenção da gripe A
Para diagnosticar uma infecção por influenza suína tipo A deve recolher-se, em ambiente hospitalar, uma amostra da secreção do tracto respiratório entre os primeiros quatro ou cinco dias da manifestação da doença, altura em que o doente tem mais probabilidades de disseminar o vírus. O período de risco de transmissão vai desde o dia anterior ao aparecimento dos sintomas até sete dias depois. Nas crianças, este intervalo pode prolongar-se até dez dias.
Normalmente o vírus é transmitido a outra pessoa através do ar quando o doente tosse ou espirra, mas também pode ocorrer transmissão ao "tocar" em superfícies contaminadas. Por isso, a higiene frequente das mãos é uma das formas de reduzir as probabilidades de contágio, evitando levá-las aos olhos, nariz e boca, para não propagar os germes. A utilização de lenços de papel quando se espirra ou, na sua falta, a protecção com o antebraço é também uma prática a seguir a fim de evitar a disseminação.
É também fundamental optar por uma boa alimentação, saber controlar o stress e dormir o necessário, por forma a reforçar o sistema imunitário.
Não há transmissão através do consumo de carne ou derivados do porco, pois as elevadas temperaturas ao cozinhar os alimentos eliminam qualquer tipo de vírus ou bactérias.
No microsite da gripe, em www.dgs.pt, é disponibilizada ao público em geral informação completa sob a forma de pergunta-resposta, bem como orientações técnicas para os profissionais da saúde.
Sintomas e tratamento
Os sintomas são semelhantes ao de uma gripe sazonal e abrangem a fadiga, dor de cabeça e garganta, febre alta e tosse. No entanto, os problemas gastrointestinais, que incluem vómitos e diarreias, surgem de modo particular ampliados nesta nova gripe.
Os tratamentos mais adequados dependem da severidade dos sintomas. Nas pessoas que manifestam a doença na sua forma mais leve, apenas será suficiente a ingestão de muitos líquidos, repouso e fármacos antipiréticos. O recurso sistemático a aspirinas, em crianças e adolescentes com gripe, deve ser evitado pois pode causar a síndrome de Reye com sequelas no cérebro e fígado.
Nos sintomas moderados é conveniente a utilização de antivirais que contenham zanamivir ou oseltamivir, embora já tenham sido referenciados casos recentes de resistência ao vírus com esta última substância. Quando os sintomas se agravam, o doente deve ser hospitalizado, pois poderá haver necessidade de receber oxigénio ou ajuda de um ventilador mecânico.
Por enquanto não há vacina disponível contra o actual vírus da gripe A [H1N1], não se sabendo ainda se as vacinas existentes para a gripe sazonal conferem algum grau de protecção. Os programas de vacinação dos mais idosos contra a gripe comum são uma das razões que os especialistas apontavam para este novo vírus atacar sobretudo pessoas mais jovens. Ainda se assiste a muita informação especulativa. É importante continuar a recolha do máximo de dados e de amostras de vírus que ajudem ao desenvolvimento de uma vacina eficaz e aguardar pelos resultados dos testes em humanos que entretanto decorrem.
O inverno já bate à porta do hemisfério norte e a ameaça de que a pandemia atinja números incontroláveis continua a pairar no ar. A doença continua a atravessar fronteiras e a contribuir para elevar a taxa de mortalidade e debilitar ainda mais a economia mundial.
Recentemente, um estudo, promovido pelo Colégio Imperial de Londres em colaboração com a OMS, sugeria que o padrão de propagação do vírus é semelhante ao das pandemias anteriores de 1918, 1958 e 1968, apesar de ser menos letal. Os resultados do estudo britânico apontam para que, nos próximos seis a nove meses, um terço da população mundial esteja contagiada com o [H1N1], o que obriga a decisões urgentes, caso não se concretize a produção de uma vacina eficaz.
À medida que a doença avança, muitos governos vão estabelecendo planos de imunização massiva, mesmo antes do aparecimento da vacina. Os grupos prioritários, segundo a OMS, devem ser os técnicos de saúde, as mulheres grávidas, qualquer pessoa com problemas respiratórios ou crónicos, adultos com idade inferior aos 49 anos, crianças e idosos.
Portugal irá adoptar a estratégia de vacinação proposta pelo Comité de Saúde Pública da União Europeia, que privilegia os três primeiros grupos, conforme revelou a Ministra da Saúde, Ana Jorge. Por outro lado, foram já estabelecidos planos de contingência que envolvem o conjunto da comunidade, desde as famílias até empresas e escolas, intensificando e colaboração com as Unidades de Saúde Públicas. Destes dimanam orientações que estipulam mais informação ao público, através da distribuição de folhetos e outros meios, assim como definem métodos para tornar mais eficazes os centros de atendimento, nomeadamente através da Linha Saúde 24.
Esta irá ser reforçada, até ao final do mês, com a admissão de mais 50 enfermeiros, esperando-se que em Setembro sejam recrutados mais 60 técnicos. Aquele call center, que em condições normais funcionava com 310 profissionais, mostrou estar subdimensionado para responder à pandemia, pois desde o início do mês de Julho apenas conseguia atender um terço das chamadas, tendo levado a autoridade da saúde a penalizar a empresa por incumprimento do serviço.
A abertura do novo ano escolar é também uma das preocupações das entidades responsáveis pela activação dos planos de emergência activados a nível governamental. Conforme refere Ana Jorge, "não se pode impedir o processo de aprendizagem dos alunos" através do encerramento das escolas com receio de novos contágios.
Uma das medidas previstas para a contenção do vírus é a criação de espaços específicos de isolamento nas escolas, para dar resposta a casos suspeitos de gripe.
A formação dos profissionais, pais e alunos sobre modos de prevenção, em particular no seguimento de rotinas diárias na higiene das mãos, a correcta limpeza de superfícies e das instalações escolares, são também estratégias incluídas nos planos de contingência. Cerca de dois mil euros vão ser alocados a cada escola no sentido de atribuir os meios e equipamentos necessários para prevenir e controlar o vírus.
A eficácia das medidas adoptadas em cada país pode ser importante na contenção do vírus até surgir a nova vacina. Até lá, o Ministério da Saúde deixa o alerta para se contactar de imediato a Linha de Saúde 24 (808 24 24 24), sempre que surja alguma suspeita de gripe. O procedimento deve ser adoptado antes de se recorrer a qualquer serviço de saúde e independentemente do afectado ter viajado ou não para fora do país.
O cenário já está montado. Falta só dar entrada à protagonista principal e que esta consiga neutralizar eficazmente o vírus, evitando as repercussões negativas a nível social e económico que já se fazem sentir, para além de travar o crescente número de vítimas mortais.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.
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