BEBÉS E ANIMAIS DE COMPANHIA

BEBÉS E ANIMAIS DE COMPANHIA

COMPANHIA

  Tupam Editores

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Cada vez mais as famílias são compostas por elementos de diferentes espécies. A par dos humanos coabitam vários animais, principalmente cães e gatos, aos quais são atribuídos direitos semelhantes aos do resto da família: alimentação de qualidade apropriada ao seu estado físico, raça e idade; cuidados médicos preventivos e curativos; atividades lúdicas com brinquedos educativos; cuidados de higiene adequados, que incluem o pelo, a pele, os ouvidos, as unhas e os dentes, e até uma educação adaptada, com recurso a treinadores.

Em casais jovens, um animal de companhia vem muitas vezes antes da decisão de alargar a família a um bebé humano, ou porque este já existia antes da união, ou porque foi adotado posteriormente. Normalmente, todos os afetos do casal são dedicados ao seu amigo de quatro patas.

Quando acontece uma gravidez a atenção concentra-se nos cuidados com a grávida, e nos preparativos para a chegada do bebé e em muitas famílias o animal passa de uma prioridade a um elemento secundário. As rotinas mudam, os cuidados básicos são negligenciados, e a interação entre os vários membros reduz-se drasticamente: há menos passeios, menos tempo de brincadeira, em resumo, menos tempo de qualidade em família.

O relacionamento degrada-se, o animal fica confuso e frustrado, e muda algumas das suas atitudes, na tentativa de reconquistar a sua anterior posição na família. Estas mudanças de comportamento, no entanto, acabam por agravar o já conturbado relacionamento, os tutores impacientam-se e penalizam ainda mais o animal, não compreendendo os seus motivos.

E tudo se intensifica com o nascimento do bebé. A sua chegada a casa vai perturbar não só o ambiente social mas também os animais que a habitam – um choro agudo e insistente, odores completamente desconhecidos, alterações drásticas na rotina, entrada e saída frequente de novos humanos, enfim, um corrupio de atividade que só vem perturbar a paz familiar estabelecida. No mínimo, um período stressante e assustador!

Mas não tem de ser assim. Algumas atitudes simples, logo durante a gravidez e antes de o bebé vir para casa, podem minimizar todo este stress e levar o animal a aceitar de forma pacífica, e até curiosa, as inevitáveis alterações de rotinas.

Preparar o cão para a chegada do bebé

Para muitos casais o cão é o seu primeiro “bebé” e, quando estes decidem ter filhos, ele, tal como uma primeira criança, pode não perceber porque é que os passeios estão a ser menos frequentes e mais curtos ou porque razão está a receber menos atenção e carinho.

Não deve deixar o bebé nascer para “avisar” o cão, mas fazê-lo previamente. Em geral, os cães gostam de bebés aceitando-os muito bem, porém, a relação pode tornar-se turbulenta se a chegada do novo membro da família for associada a eventos negativos na vida do cão, ou se ele tiver sido excluído por causa da criança.

Os novos pais têm, pelo menos, sete meses para se prepararem para o seu nascimento, muitos cães descobrem que ele está para chegar quando a mãe já está no hospital... e a “invasão” do novo membro acaba por ser como “um balde de água fria” para o animal.

Para evitar isto, os tutores deveriam estabelecer novas rotinas para o cão alguns meses ou semanas antes do nascimento da criança. Prevendo as mudanças que acontecerão na altura, deveria tentar adaptar-se o animal às mesmas, de forma gradual. Alterações radicais são sempre mais stressantes.

Ir reduzindo aos poucos a atenção, o carinho e o espaço físico é a melhor forma de o cão se adaptar bem às mudanças, porque percebe que continua a ser amado por quem sempre cuidou dele, e a quem tanto se dedicou, e não sente a sua posição de membro da família ameaçada.

Para além da rotina, também se podem fazer algumas alterações em casa, por exemplo mudar o sítio onde o animal tem a cama ou onde tem os brinquedos, para que não associe estes atos à chegada do novo membro da família.

A introdução de novos itens, sons e cheiros durante os meses que antecedem o nascimento vai igualmente preparar o animal para o acontecimento.

Para habituar o cão a novos sons pode, por exemplo, colocar um CD com sons de choro de bebés a tocar; pode preparar o quarto, e montar o baloiço, o carrinho e outros artigos de maiores dimensões para que ele se acostume aos mesmos; à porta do quarto deve colocar uma cancela para manter o cão fora, mas que lhe permita ver o que se passa no quarto; pode ainda espalhar pó talco pela casa e começar a usar loção de bebé.

Ainda na maternidade, para que o cão comece a acostumar-se com o novo amigo mesmo antes de o conhecer, pode levar para casa uma peça de roupa para ele sentir o cheiro do recém-nascido. Pode até ser colocada em locais estratégicos como a sua cama, para que este durma com o cheiro do bebé e saiba que ele é o novo membro da família. Tudo em prol de uma convivência segura e amigável.

Lamentavelmente, apesar das mentalidades terem evoluído bastante, quando uma família com cão anuncia uma gravidez ainda há quem pergunte: “e o que vão fazer ao cão?”, considerando a possibilidade de o animal poder transmitir doenças à futura mãe ou ao bebé, ou mesmo que possa vir a agredir a criança.

Cuidar de saúde do animal para uma relação saudável

Os cuidados com a saúde do animal devem ter início durante a gestação, sendo imprescindível uma consulta ao médico veterinário nesta fase.

O profissional deverá verificar todos os aspetos da saúde do cão (vacinação, desparasitação, vermifugação), podendo inclusive recomendar a realização de um exame de sangue ou outros que julgue convenientes, a fim de obter um diagnóstico mais preciso da sua saúde.

Além da preocupação óbvia com a saúde e o bem-estar do animal, não convém esquecer que algumas doenças – a Leishmaniose, por exemplo – são transmissíveis aos humanos, e particularmente às grávidas e aos bebés.

Com o bebé “a caminho”, outra regra de ouro é manter o ambiente do cão sempre limpo. Este também precisará de tomar banhos periódicos (caso já não o faça) para poder ter contacto com o bebé.

Nos animais, a medicina preventiva torna-se ainda mais importante nestes casos, já que o organismo do bebé se encontra em desenvolvimento e o seu sistema imunitário é ainda muito mais frágil do que o de um adulto.

Apesar de estes cuidados serem necessários, sabe-se que a presença de um animal de companhia poderá ser positiva para a saúde do bebé. Vários estudos têm comprovado que os bebés que vivem com animais de companhia têm menos probabilidades de virem a desenvolver alergias à medida que vão crescendo.

Ao que parece, a exposição dos bebés até um ano aos alérgenos transportados pelo animal, faz com que o seu sistema imunológico seja fortalecido e aumente a sua imunidade natural.

Mas a relação entre bebés e animais também pode ser um importante estímulo para o desenvolvimento da criança.

As crianças que convivem com animais têm tendência a ser mais generosas, compreensivas, observadoras e carinhosas. Normalmente, conseguem relacionar-se mais facilmente com os outros, desenvolvem uma maior autoestima e têm uma maior capacidade crítica

Acredita-se, portanto, que a relação entre bebés e animais de companhia seja uma mais-valia para a criança ajudando-a a desenvolver uma personalidade mais forte, equilibrada e saudável.

Para que a amizade entre ambos seja para a vida, os primeiros contactos são importantes. Pode deixar que o animal cheire o bebé quando ele chegar, mas apenas permitir a aproximação quando este se mostrar calmo e submisso. Nos primeiros contactos as lambidelas e outras “festas” não devem ser permitidas.

Convém incluir o animal nas rotinas e deixar que se aproxime do bebé quando esteja calmo, um comportamento que deve ser recompensado.

Quando se sentir mais confortável pode permitir um contacto mais direto entre os dois. O bebé poderá sentir curiosidade quanto ao cão, e querer tocá-lo. Deve permitir o toque, porém usar a sua mão para evitar que ele agarre e puxe os pelos do animal, e para o proteger e evitar potenciais acidentes.

O animal deve ser ensinado a relacionar-se amigavelmente com o bebé, mas o bebé também deve ser ensinado a relacionar-se com este, e quanto mais cedo melhor!

Desde os primeiros contactos, os pais devem mostrar aos filhos como interagir com os animais e a respeitá-los. É natural os bebés puxarem o pelo e as orelhas de cães e outros animais e, ainda que estes sejam dóceis o suficiente para não reagir, é importante ensinar desde cedo como acariciar um animal sem o ferir.

À medida que a criança cresce, vai compreender que os animais também sentem dor, que merecem respeito, e até aprende a interpretar a linguagem corporal dos seus amiguinhos de quatro patas, reforçando os alicerces de uma amizade para a vida.

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
28 de Novembro de 2024

Referências Externas:

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