SÍNDROME

Descoberta razão da síndrome de Down elevar risco de leucemia

Embora se soubesse que as pessoas com síndrome de Down têm um risco maior de desenvolver leucemia, até agora desconhecia-se a razão biológica para o facto. Recentemente, uma equipa de investigadores da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, e da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, conseguiu explicar a razão, através da identificação de alterações específicas nas células sanguíneas de pessoas com a síndrome.

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Em todo o mundo, uma em cada 700 crianças nasce com síndrome de Down – uma anomalia no cromossoma 21, que resulta em 47 cromossomas em vez de 46, o que geralmente dá origem a características físicas específicas e algum grau de deficiência e aprendizagem. Mas os recém-nascidos com esta síndrome também tendem a ter contagens elevadas de glóbulos vermelhos e, à medida que crescem, enfrentam um risco 150 vezes maior de desenvolver leucemia em comparação com aqueles sem a doença.

O estudo, publicado na revista Nature, revelou que o cromossoma 21 extra altera a maneira como o ADN é empacotado dentro das células. Essa diferença afeta a forma como certos genes são regulados e pode contribuir para o desenvolvimento da leucemia.

Para entender mais precisamente o impacto do cromossoma 21 adicional, os especialistas sequenciaram os genes de mais de 1,1 milhão de células de fetos com e sem síndrome de Down.
De acordo com Ana Cvejic, cientista sénior da Universidade de Copenhaga, curiosamente, as desregulações não são uniformes e variam dependendo do tipo de célula e do seu ambiente. Descobriu-se, por exemplo, que células-tronco sanguíneas de pessoas com síndrome de Down têm desregulações de genes envolvidos na produção de glóbulos vermelhos, o que explica os sintomas nos recém-nascidos.

Identificou-se ainda outra diferença crucial nas células-tronco do sangue de pessoas com a síndrome – um numero maior de mitocôndrias, as “fábricas de energia” das células que geram energia. Embora a produção de energia seja vital, muitas mitocôndrias podem danificar uma célula e o seu ADN, produzindo moléculas nocivas.

Sabe-se que essas moléculas nocivas atacam o ADN, criando mutações que podem levar à pré-leucemia e, eventualmente, à leucemia. As descobertas do estudo destacam a importância de entender a complexa relação entre a genética e o ambiente celular das células sanguíneas em pessoas com síndrome de Down.

Esta investigação demonstra que o ambiente e a composição genética das células são cruciais para entender como as células sanguíneas e a leucemia se desenvolvem. Compreender esses mecanismos é essencial para orientar futuras pesquisas em biologia de células-tronco e do cancro. Esse conhecimento, segundo a especialista, abre caminho para uma melhor compreensão do desenvolvimento da doença na síndrome de Down.

Fonte: Tupam Editores

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