Dificuldade para engravidar pode dever-se à poluição do ar
A infertilidade, ou a incapacidade de conceber após doze meses de relações sexuais desprotegidas, afeta 15-25% dos casais em todo o mundo. Um estudo liderado por investigadores da Escola de Saúde Pública Rollins da Universidade Emory permitiu apurar que a exposição materna e paterna à poluição do ar externo pode ter um impacto negativo no desenvolvimento do embrião humano em ciclos de fertilização in vitro (FIV).
Considera-se um casal infértil quando este não consegue ter filhos após dois anos de tentativas sem métodos contraceptivos, e estima-se que em todo o mundo cerca de 20% dos casais sejam inférteis.
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A investigação, publicada na Environment International, apresentou uma nova abordagem para entender as associações entre poluição do ar, fertilização e qualidade do embrião, avaliando as associações independentes entre a exposição à poluição do ar materna e paterna em momentos em que os ovários de uma mulher estão a produzir óvulos (também conhecidos como oócitos) e quando os testículos de um homem estão a produzir esperma.
Para o estudo, a equipa utilizou amostras de 500 doadores anónimos de óvulos e 915 parceiros receptores do sexo masculino, todos submetidos à FIV entre 2008 e 2019 num centro de fertilidade fora de Atlanta.
A exposição ambiental ao carbono orgânico – um elemento importante da perigosa matéria particulada fina PM2.5, que é emitida por fontes de combustão, como escapes de veículos, processos industriais e incêndios florestais – mostrou consistentemente impactos negativos na sobrevivência do óvulo, na fertilização e qualidade do embrião.
Segundo Audrey Gaskins, autora principal do estudo, a singularidade do modelo é que as exposições ao esperma e ao óvulo não estão correlacionadas, o que permite avaliar o seu impacto único na fertilização e na qualidade do embrião. Os resultados permitiram concluir que as exposições à poluição do ar materna e paterna durante a gametogénese têm efeitos independentes, em grande parte prejudiciais, nos resultados embriológicos iniciais
Com base neste, e noutros estudos, ficou evidente que a poluição atmosférica é um fator de risco preocupante para todos aqueles que estão a tentar conceber. Assim, deveria ser um objetivo importante mitigar a exposição entre essas populações, mas também entre muitas outras populações.
