Estudo identifica mais de 3.000 toxinas de embalagens no corpo
Um estudo que avaliou a presença de produtos químicos relacionados com embalagens de alimentos revelou que temos muito mais substâncias no corpo do que anteriormente se acreditava. Foram identificadas cerca de 3.600 substâncias tóxicas no corpo das pessoas analisadas, tendo surgido ainda 61 substâncias conhecidas e não autorizadas.
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A extensão e as consequências da presença de microplásticos e de outros produtos químicos no nosso corpo ainda não foram determinadas.
No estudo, os investigadores pesquisaram mais de 14.000 produtos químicos conhecidos que entram em contacto com alimentos, tendo concluído que 3.601 eram transferidos para as pessoas. Isto significa que pelo menos um em cada quatro produtos químicos conhecidos passa para o corpo.
Os resultados realçam a existência de falhas de segurança na monitorização da possível migração de toxinas das embalagens para os alimentos. De acordo com a Dra. Birgit Geueke, primeira autora do estudo, a investigação destaca os produtos químicos que foram negligenciados nos estudos de biomonitorização até agora.
Algumas substâncias são bastante conhecidas e já haviam sido amplamente detetadas em estudos anteriores, como os bisfenois, PFAS (Teflon) ou ftalatos, por exemplo. São vários os estudos médicos que alertam para as suas possíveis consequências para a saúde – têm sido associados a problemas de fertilidade, distúrbios no sistema imunológico ou aumento do risco de cancro, ataque cardíaco e acidente vascular cerebral.
O facto de o número de possíveis toxinas ser tão elevado só cria mais incertezas e levanta novas dúvidas sobre o real risco deste tipo de embalagem. O novo estudo prova que há ainda muito por investigar e conclui que os materiais em contacto com os alimentos não são completamente seguros, mesmo que cumpram os regulamentos, pois transferem produtos químicos perigosos conhecidos para as pessoas.
Os investigadores concentraram-se especialmente em algumas das novas substâncias que detetaram no organismo, como antioxidantes sintéticos e oligómeros. Pouco se sabe sobre a sua presença ou o que acontece quando entram no corpo. Estas substâncias são muito utilizadas em plásticos e não há monitorização.
Numa investigação paralela realizada pelo Food Packaging Forum foram ainda encontradas amostras de 61 produtos químicos especificamente proibidos para uso em embalagens de alimentos. Estavam presentes em recipientes de plástico, papel alumínio e papel de uso alimentar.
Especificamente, os produtos químicos detetados são substâncias PFAS, conhecidas pela ampla utilização em utensílios de cozinha e cosméticos, pois repelem água e gordura. Foram detetados 68 destes produtos químicos em recipientes, dos quais apenas sete estavam autorizados.
Acredita-se que possíveis impurezas na produção das embalagens possam ter causado o aparecimento de amostras das demais. Seja como for, os especialistas são da opinião de que o facto de aparecerem é um bom motivo para se reforçarem os controlos. Há-de haver outras formas de produzir embalagens de alimentos.