Atletas que usam nicotina em maior risco de exaustão pelo calor
Os atletas olímpicos que usam a nicotina, seja fumando, mastigando, vaporizando ou mesmo em adesivo, devem ter cuidado pois, segundo um estudo realizado por investigadores da Universidade Brock, em conjunto com uma equipa de especialistas internacional, a nicotina aumenta o risco de desenvolver exaustão pelo calor durante atividades físicas intensas, especialmente em ambientes quentes.
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A investigação, publicada no Journal of Applied Physiology, aconteceu poucos dias antes das cerimónias de abertura dos Jogos Olímpicos de Verão de 2024 em Paris. Toby Mündel, um dos especialistas envolvidos, relembrou que os últimos Jogos Olímpicos de Verão em Tóquio, no Japão, foram os mais quentes e húmidos já registados, no entanto, prevê-se que os jogos em Paris venham a bater esses recordes.
Realizar uma olimpíada num ambiente urbano com espaços verdes limitados e muito pavimento e cimento – que absorve o calor – aumenta o risco de exaustão pelo calor para os atletas e para o público assistente.
A equipa queria descobrir se a nicotina aumenta a temperatura corporal – medida pela temperatura do sistema gastrointestinal – principalmente através do aumento do metabolismo ou da diminuição do fluxo sanguíneo para a pele.
Dez participantes do sexo masculino que nunca utilizaram nicotina usaram um adesivo de nicotina durante a noite e depois repetiram a ação com um adesivo de placebo. Nem os participantes nem os investigadores sabiam quando haviam recebido os adesivos ativos ou os inativos.
No dia seguinte, os participantes pedalaram durante uma hora em ambientes de 20°C e novamente com 30°C. Após cada ensaio, os especialistas mediram as temperaturas gastrointestinais e da pele dos participantes. A experiência foi repetida quatro vezes.
Dois participantes tiveram que abandonar os testes de nicotina com 30°C, pois um havia atingido o limite ético máximo de temperatura gastrointestinal e o outro interrompeu devido a náuseas e calafrios.
As várias medições do fluxo sanguíneo da pele e do sistema gastrointestinal dos participantes permitiram concluir que o uso de nicotina aumenta o stress térmico, levando à exaustão pelo calor, ao reduzir o fluxo de sangue para a pele.
Para Mündel, os resultados deste estudo não são relevantes apenas para os atletas, mas também para outros indivíduos que trabalham em ambientes com altas temperaturas como, por exemplo, militares, bombeiros e algumas indústrias.