Depressão em adolescentes eleva risco de doenças cardiovasculares
A depressão afeta cerca de 8% dos adolescentes em todo o mundo e é um fator de risco conhecido para doenças cardiovasculares prematuras na idade adulta. Embora as razões para este risco não sejam bem compreendidas, um estudo do The Hospital for Sick Children (SickKids) descobriu que certos subgrupos de adolescentes com depressão têm um risco ainda maior de desenvolver doenças cardiovasculares.
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Os métodos de rastreio atualmente em vigor dependem muito de medidas corporais para avaliar a elegibilidade para as medidas preventivas contra doenças cardiovasculares. Mas a cardiologia preventiva é importante nos adolescentes pois as intervenções precoces diminuem as consequências mais graves das doenças cardiovasculares mais tarde.
Investigações realizadas anteriormente pelo SickKids haviam identificado que pouco mais da metade dos adolescentes com transtorno depressivo major (TDM) apresentavam pelo menos dois fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Agora, um estudo publicado no JAACAP Open está a aprofundar essa informação a fim de descobrir como esses fatores de risco estão presentes em adolescentes com TDM.
Segundo a Dra. Daphne Korczak, líder do estudo, ao identificar a heterogeneidade da depressão em adolescentes e compreender melhor a interseção entre saúde mental e física, poderá ser possível prestar cuidados mais personalizados e eficazes a esta população vulnerável.
A investigação incluiu 189 adolescentes (74% do sexo feminino) com TDM do programa de depressão Children's Integrated Mood and Body (CLIMB) da SickKids e avaliou os seus sintomas de saúde mental e fatores de risco cardiovascular, como pressão arterial, colesterol e índice de massa corporal (IMC).
Através da utilização da aprendizagem automática e de um método estatístico denominado análise de cluster, os investigadores identificaram quatro grupos distintos de adolescentes com depressão, dois dos quais demonstraram maior risco de doenças cardiovasculares.
Dos dois subgrupos de alto risco, um apresentava níveis elevados de lipoproteínas de baixa densidade (LDL, ou mau colesterol), no entanto, parecia saudável no exame físico.
Apesar de terem um peso saudável e uma pressão arterial normal, os adolescentes deste grupo revelaram dislipidemia.
As descobertas sugerem que pode haver um subgrupo de adolescentes com depressão que não seria identificado pelos indicadores usuais dos exames físicos, mas que apresenta risco aumentado de doenças cardíacas mais tarde na vida.
Com base nestas descobertas, Korczak acredita que uma abordagem mais personalizada ao tratamento, que incorporasse cuidados preventivos de saúde cardíaca, poderia ser oferecida aos adolescentes em maior risco de DCV, precocemente.
Para a cientista, quanto mais se entenderem as nuances da depressão mais precisos poderão ser os planos de tratamento.