DEPRESSÃO

Mensagens do WhatsApp eficazes para tratar depressão em idosos

São necessárias urgentemente soluções para tratar a depressão em idosos que vivem em ambientes com poucos recursos. De acordo com um estudo realizado em São Paulo, no Brasil, o WhatsApp pode ser uma ferramenta altamente eficaz para ajudar os idosos a superar a solidão e a depressão.

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O ensaio clínico Prodigital-D, cego, randomizado e controlado individualmente avaliou a eficácia de uma intervenção psicossocial de mensagens móveis na melhoria da sintomatologia depressiva entre idosos de áreas socioeconomicamente desfavorecidas de Guarulhos.

Para o estudo, publicado na revista Nature, foram recrutados inicialmente 603 adultos (a maioria mulheres) com uma idade média de 65,1 anos, que estavam registados em 24 clínicas de cuidados primários e identificados com sintomatologia depressiva. Do total de participantes, apenas 527 completaram a avaliação de acompanhamento.

A seleção dos participantes foi baseada em respostas ao Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9), uma ferramenta de triagem amplamente validada utilizada para avaliar a presença e gravidade da depressão com base numa escala de 0 a 27, em que 0-4 indica ausência de depressão e 5-9, 10-14, 15-19 e 20-27 indica depressão leve, moderada, moderadamente grave e grave, respetivamente.

Foram convidadas a participar todas as pessoas com pontuação igual ou superior a 10 na avaliação inicial, de modo a que a amostra incluísse pessoas com depressão moderada e grave. Os participantes foram aleatoriamente divididos em dois grupos.

O grupo de intervenção, com 298 participantes, recebeu mensagens do WhatsApp pelo programa Viva a Vida duas vezes por dia, quatro dias por semana, durante seis semanas, com conteúdos educativos sobre depressão e ativação comportamental.
O grupo controle, com 305 participantes, recebeu uma única mensagem com conteúdo educativo. Nenhum dos grupos recebeu apoio de profissionais de saúde.

Os investigadores verificaram que os sintomas de depressão melhoraram em 42,4% do grupo de intervenção, em comparação com 32,2% no grupo de controle – o que sugere que a intervenção sob a forma de mensagens telefónicas foi um tratamento eficaz a curto prazo para pessoas idosas de áreas com serviços de saúde limitados.

Segundo Marcia Scazufca, coautora correspondente, ainda que a diferença de dez pontos percentuais entre os grupos de intervenção e de controlo em termos de melhoria possa parecer pequena, se se tiver em consideração o custo muito baixo do Viva a Vida e a grande proporção da população que poderia potencialmente atingir, estes dez pontos percentuais poderiam representar milhões.

Para a investigadora, o Viva a Vida deve ser visto como um primeiro passo, que pode ser combinado com outras formas de intervenção. Importa referir que a grande maioria dos participantes nunca tinha recebido qualquer tipo de tratamento para depressão e nem sequer tinha sido diagnosticado como estando deprimido.

Os resultados são especialmente relevantes num país de rendimento médio como o Brasil. O baixo custo deste programa e a facilidade com que pode ser implementado significam que pode ser replicado noutros países com condições socioeconómicas semelhantes ou piores e onde o tratamento convencional não está disponível ou é inacessível para muitos.

Continuar este tipo de investigação pode ajudar a descobrir evidências ainda mais fortes dos benefícios da intervenção digital na saúde mental e do alargamento da cobertura do tratamento psicossocial a nível mundial.

Fonte: Tupam Editores

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