Identificada nova forma genética da doença de Alzheimer
Um novo estudo realizado pelo Instituto de Investigação de Sant Pau, em Barcelona, apurou que mais de 95% dos indivíduos maiores de 65 anos que possuem duas cópias do gene APOE4 – homozigotos APOE4 – apresentam características biológicas da doença de Alzheimer no cérebro ou biomarcadores desta doença no líquido cefalorraquidiano e em exames PET.
Estima-se que, actualmente, existam 20 milhões de pessoas, em todo o mundo, a sofrer de Alzheimer. A cada ano que passa, 4,6 milhões de pessoas são atingidas.
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A investigação, publicada recentemente na revista Nature Medicine, também concluiu que os indivíduos homozigotos para APOE4 desenvolvem a doença mais cedo do que aqueles com outras variantes do gene APOE. Estas descobertas sugerem que ter duas cópias do gene APOE4 pode representar uma nova forma genética da doença de Alzheimer.
Este gene é conhecido há mais de 30 anos e estava associado a um maior risco de desenvolver a doença de Alzheimer, mas agora sabemos que praticamente todos os indivíduos com este gene duplicado desenvolvem a biologia do Alzheimer. Isto é importante porque estes indivíduos representam entre 2 e 3% da população.
No estudo a equipa de especialistas avaliou alterações clínicas, patológicas e de biomarcadores em homozigotos APOE4 para determinar o risco de desenvolver a doença de Alzheimer. Foram utilizados dados de 3.297 doadores de cérebro, incluindo amostras de 273 homozigotos APOE4 do Centro Nacional de Coordenação de Alzheimer (Estados Unidos) e dados clínicos e de biomarcadores de mais de 10.000 indivíduos, incluindo 519 homozigotos APOE4 de cinco grandes coortes multicêntricas da Europa e dos Estados Unidos.
Os resultados sugerem que praticamente todos os homozigotos APOE4 apresentavam a doença de Alzheimer e tinham níveis mais elevados de biomarcadores associados à doença aos 55 anos, em comparação com indivíduos com o gene APOE3. Aos 65 anos, mais de 95% dos homozigotos APOE4 apresentaram níveis anormais de amiloide no líquido cefalorraquidiano – uma característica patológica inicial importante na doença de Alzheimer – e 75% tiveram exames de amiloide positivos.
Com base nos resultados, o Dr. Juan Fortea, líder do estudo, realça que a variante genética do gene APOE4 não é apenas um fator de risco para a doença de Alzheimer, como se pensava anteriormente, mas também pode representar uma forma genética distinta desta doença.
Para a equipa estas descobertas podem ser úteis para o desenvolvimento de estratégias de prevenção individualizadas, ensaios clínicos e abordagens de tratamento direcionadas para esta população. Os dados mostram claramente que possuir duas cópias do gene APOE4 não só aumenta o risco, mas também antecipa o aparecimento do Alzheimer, o que reforça a necessidade de estratégias preventivas específicas.
Os resultados deste trabalho enfatizam a importância de monitorizar homozigotos APOE4 desde tenra idade para intervenções preventivas.
