Descoberto tratamento eficaz para veneno de cobra cuspideira
O veneno da cobra cuspideira africana é incrivelmente potente e causa dermonecrose, que se apresenta como uma rápida destruição da pele, músculos e ossos ao redor do local da picada da serpente, podendo levar a lesões e desfigurações permanentes, incluindo perda de membros e amputações em casos extremos.
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Uma equipa de cientistas da Escola de Medicina Tropical de Liverpool (LSTM) descobriu que usar um medicamento de pequena molécula reaproveitado, o varespladib, para bloquear uma das duas principais toxinas causadoras de dermonecrose no veneno da cobra cuspideira evita lesões na pele e nos músculos.
Atualmente, não existe um tratamento eficaz para combater o envenenamento local grave causado pelo veneno da cobra cuspideira. Os antivenenos existentes funcionam apenas em picadas de outras espécies de cobras e muitas vezes são ineficazes no tratamento de envenenamento local porque os anticorpos do antiveneno são muito grandes para penetrar eficazmente na região ao redor do local da picada.
Segundo o professor Nicholas Casewell, da LSTM, as descobertas são muito promissoras para melhorar o tratamento de picadas de cobra tropical. Os tratamentos atuais são considerados ineficazes, o que faz com que as taxas de incapacidade e de amputação permaneçam altas em grande parte da África.
No estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, a equipa de cientistas internacionais analisou pela primeira vez o veneno da cobra cuspideira para identificar as toxinas responsáveis por causar dermonecrose induzida pelo veneno. Os resultados mostraram que, em grande parte, as responsáveis são as toxinas citotóxicas de três dedos (CTx), mas que as toxinas fosfolipases A2 (PLA2) também desempenham um papel crítico no processo.
A injeção local do varespladib reduziu a extensão da dermonecrose, mesmo quando administrada até uma hora após o veneno, e a proteção conferida pelo medicamento também se estendeu à toxicidade muscular induzida pelo veneno.
As descobertas sugerem que o medicamento inibidor da PLA2 pode tornar-se um tratamento inestimável contra os efeitos prejudiciais aos tecidos originados pelos venenos da cobra de pescoço preto e da cobra cuspideira vermelha, que causam extensa morbidade em vítimas de picadas de cobra em todo o continente africano.
Os especialistas esperam que o estudo ajude a preparar o caminho para futuras terapias contra picadas de cobra que podem salvar vidas e membros de vítimas em todo o mundo.
Para Keirah Bartlett, uma das autoras, além de promissoras, as descobertas indicam um novo modo de tratamento, até porque o varespladib já passou por testes em ensaios clínicos em humanos, inclusive para picadas de cobra, logo, poderia estar disponível para utilização em pacientes do mundo real muito em breve.