Desejo por doces pode ser causado pela solidão
A solidão pode causar um desejo intenso por alimentos açucarados, apurou um novo estudo publicado no JAMA Network Open. Os investigadores relacionaram a química cerebral daqueles que se isolam socialmente com problemas de saúde mental, aumento de peso, declínio cognitivo e doenças crónicas como diabetes tipo 2 e obesidade.
Embora esteja estabelecido que a obesidade está ligada à depressão e à ansiedade e a compulsão alimentar seja entendida como um mecanismo para lidar com a solidão, o objetivo dos investigadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, era observar as vias cerebrais associadas a esses sentimentos e comportamentos.
O estudo transversal recrutou 93 participantes saudáveis do sexo feminino na pré-menopausa de Los Angeles, Califórnia, de 7 de setembro de 2021 a 27 de fevereiro de 2023. O objetivo da equipa era explorar como a química do cérebro é alterada e como processou os sinais alimentares com base em ambientes sociais.
Os resultados revelaram que as participantes que vivenciaram a solidão ou o isolamento tinham uma percentagem mais elevada de gordura corporal e apresentavam comportamentos alimentares inadequados, como dependência alimentar e alimentação descontrolada.
Durante a investigação foram realizados exames de ressonância magnética para monitorizar como as participantes responderam a imagens abstratas de alimentos doces e salgados. Os especialistas verificaram que aquelas que vivenciaram o isolamento tiveram mais atividade em certas regiões do cérebro que desempenham um papel fundamental na resposta ao desejo por açúcar. As mesmas participantes também apresentavam uma reação menor nas regiões que tratam do autocontrole.
Segundo Arpana Gupta, autor sénior do estudo, as descobertas sugerem que o isolamento social está associado à reatividade neural alterada a sinais alimentares em regiões específicas do cérebro responsáveis pelo processamento de estados relacionados ao apetite interno e ao controle executivo comprometido e ao preconceito de atenção e motivação em relação a sinais alimentares externos.
Essas respostas neurais a alimentos específicos foram associadas a um risco aumentado de maior composição de gordura corporal, piores comportamentos alimentares desadaptativos e comprometimento da saúde mental.
Isto só vem acentuar a necessidade de intervenções holísticas dirigidas à mente e ao corpo que possam mitigar as consequências adversas do isolamento social para a saúde.