DEPRESSÃO

Injeção de escetamina após o parto reduz depressão em novas mães

Uma única injeção com uma dose baixa de escetamina administrada imediatamente após o parto reduz episódios depressivos major em mulheres com sintomas depressivos durante a gravidez (depressão pré-natal), de acordo com um ensaio clínico publicado recentemente no The BMJ.

Injeção de escetamina após o parto reduz depressão em novas mães

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A depressão é comum durante a gravidez e logo após o parto e pode ter vários efeitos adversos nas novas mães e nos seus bebés. A escetamina é utilizada como anestésico e para o tratamento da depressão, no entanto, o seu efeito nas mães com depressão perinatal não é claro.

Cientistas da China e dos EUA pretendiam descobrir se uma única injeção de dose baixa de escetamina administrada logo após o parto poderia reduzir a depressão subsequente em mães com depressão pré-natal pré-existente.

As descobertas basearam-se em 361 mães (idade média de 32 anos) inscritas em cinco hospitais chineses de junho de 2020 a agosto de 2022, sem historial médico de depressão e sem diagnóstico de depressão na gravidez, mas que tiveram pontuações numa escala consistente com depressão pré-natal leve e que se estavam a preparar para o parto. Nenhuma das participantes tinha tido complicações graves na gravidez ou qualquer condição que impedisse a administração da escetamina.

No início do estudo foram registadas informações sobre fatores como idade, peso (IMC), nível de escolaridade, rendimento familiar e condições de saúde existentes e as participantes foram selecionadas aleatoriamente para receber escetamina ou um placebo por infusão intravenosa durante 40 minutos após o parto.

As participantes foram entrevistadas 18 a 30 horas após o parto e novamente aos 7 e 42 dias. Com a Mini-International Neuropsychiatric Interview foi diagnosticado episódio depressivo major aos 42 dias. A depressão também foi avaliada usando a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo aos 7 e 42 dias, e a pontuação da Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton aos 42 dias. Nenhuma das participantes tomou antidepressivos ou recebeu psicoterapia durante o período de acompanhamento.

Os especialistas verificaram que aos 42 dias após o parto, 12 de 180 (6,7%) das mães que receberam a escetamina tiveram um episódio depressivo grave, em comparação com 46 de 181 (25,4%) das que receberam o placebo (uma redução do risco relativo de cerca de três quartos).

Como esperado, as mães que receberam a escetamina tiveram pontuações mais baixas de depressão na Escala de Edimburgo aos 7 e 42 dias, e uma pontuação mais baixa para a depressão na Escala de Hamilton aos 42 dias.
Importa referir, contudo, que ocorreram mais eventos adversos neuropsiquiátricos, como tonturas e diplopia (visão dupla) com a escetamina (45% v 22%), mas os sintomas duraram menos de um dia e nenhum necessitou de tratamento medicamentoso.

Com base nos resultados, os investigadores estimam que, por cada cinco mães que recebem escetamina, seria evitado um episódio depressivo grave.

Concluem, então, que, em mães com sintomas depressivos pré-natais, uma dose única e baixa de escetamina administrada logo após o parto diminui os episódios depressivos major aos 42 dias pós-parto em cerca de três quartos. Assim, a escetamina, em doses baixas, deveria ser considerada em mães com sintomas de depressão pré-natal.

Fonte: Tupam Editores

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