Medicamento para diabetes mostra-se promissor contra Parkinson
Um medicamento utilizado no tratamento da diabetes retardou a progressão de problemas motores associados à doença de Parkinson, apurou um estudo levado a cabo por uma equipa de investigadores da Universidadede Toulouse, na França.
DOENÇAS E TRATAMENTOS
PARKINSON, O DESCONTROLE MOTOR
As causas da doença são ainda desconhecidas, mas os actuais estudos centram-se na genética, nas toxinas ambientais e endógenas e ainda nas infecções virais. LER MAIS
Os investigadores têm demonstrado interesse em explorar uma classe de medicamentos denominada agonistas do receptor GLP-1 – que imitam uma hormona intestinal e são normalmente utilizados para tratar diabetes e obesidade – devido ao seu potencial para proteger os neurónios.
Contudo, até agora, as evidências dos benefícios clínicos em pacientes têm sido limitadas e os primeiros estudos revelaram-se inconclusivos.
No estudo de fase 2, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, foram recrutados em toda a França 156 pacientes com idades compreendidas entre 40 e 75 anos, com Parkinson em estágio inicial e depois escolhidos aleatoriamente para receber lixisenatido ou um placebo durante 12 meses, seguido por um período de eliminação de 2 meses. Foram designadas 78 pessoas para cada grupo.
Após o ano de acompanhamento, o grupo que recebeu o tratamento, que é administrado por via injetável, não observou piora nos sintomas de movimento, mas os indivíduos que receberam o placebo sim. Olivier Rascol, autor sénior, revelou que o efeito foi “modesto”, tendo sido percetível apenas quando os profissionais obrigaram estas pessoas a realizar tarefas como caminhar, levantar-se, mover as mãos, etc.
Importa referir que isto pode dever-se apenas ao facto de a doença de Parkinson piorar lentamente e, com mais um ano de acompanhamento, as diferenças poderão tornar-se muito mais acentuadas.
Segundo o neurologista, esta foi a primeira vez que se obtiveram resultados claros que demonstram a existência de impacto na progressão dos sintomas da doença, o que se explica devido a um efeito neuroprotetor.
O estudo, publicado recentemente no New England Journal of Medicine, permitiu concluir que em participantes com doença de Parkinson em fase inicial, a terapêutica com lixisenatido resultou numa menor progressão da incapacidade motora do que o placebo aos 12 meses, mas foi associada a efeitos secundários gastrointestinais, que incluíram náuseas, vómitos e refluxo, e em alguns pacientes perda de peso.
São, no entanto, necessários ensaios mais longos e maiores para determinar os efeitos e a segurança do lixisenatido em pessoas com doença de Parkinson.