PSIQUIATRIA

Doença mental tem impacto negativo em pacientes com DRC

A doença renal crónica (DRC) afeta mais de 10% dos adultos em todo o mundo. A saúde mental é uma questão importante, mas pouco reconhecida em pacientes com esta doença. A depressão é comum e está relacionada com o mau prognóstico em pacientes com DRC.

Doença mental tem impacto negativo em pacientes com DRC

DOENÇAS E TRATAMENTOS

O FLAGELO DAS DOENÇAS RENAIS


Os medicamentos antidepressivos são a principal abordagem farmacológica para o tratamento da depressão, sendo os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) o tipo mais frequentemente prescrito. Mas apesar do seu uso generalizado, mantém-se a incerteza sobre a eficácia e segurança dos medicamentos nesta população devido à limitada evidência clínica.

Por outro lado, alguns estudos observacionais relataram vários resultados adversos para a saúde associados ao uso de antidepressivos em pacientes com DRC. Existe ainda falta de conhecimento sobre doenças mentais menos comuns, mas graves, como o transtorno bipolar e a esquizofrenia nestes pacientes.

Estas lacunas do conhecimento foram abordadas por Nanbo Zhu na sua tese do Instituto Karolinska. Zhu investigou a prevalência e o impacto das doenças mentais, e ainda analisou a utilização e segurança dos antidepressivos em pacientes com DRC.

Foi possível descobrir que a depressão, o transtorno bipolar e a esquizofrenia eram mais comuns em pacientes com DRC do que na população em geral. Os pacientes com DRC com estes diagnósticos psiquiátricos enfrentaram resultados adversos para a saúde e potenciais disparidades no acesso aos cuidados de saúde.

Entre os pacientes com DRC e depressão, aqueles que iniciaram o tratamento com antidepressivos experimentaram uma maior ocorrência de eventos adversos de curto prazo, como fratura de quadril e hemorragia gastrointestinal superior, mas não se observou mortalidade a longo prazo, nem problemas cardiovasculares e renais.

Convém realçar que os antidepressivos podem ter diferentes perfis de risco-benefício em pacientes com DRC, para os quais são recomendados ajustes de dose – até porque a seleção de um tipo e dosagem específicos pode melhorar a segurança do tratamento.

Na prática clínica de rotina, os prescritores não pareciam levar em consideração a função renal dos pacientes ao prescrever antidepressivos, o que dava origem a ajustes de dose abaixo do ideal e aumentava potencialmente o risco de reações adversas aos medicamentos.

Os problemas de saúde mental são comuns, mas pouco reconhecidos e subtratados em pacientes com DRC, em parte devido à falta de conhecimento nesta área de investigação. São necessários mais estudos que englobem uma gama mais ampla de condições neuropsiquiátricas para avaliar de forma abrangente a sua carga nestes pacientes.

Fonte: Tupam Editores

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