Cirurgia bariátrica pode retardar declínio cognitivo em obesos
A obesidade é uma epidemia global e está associada ao comprometimento cognitivo e à demência. Um estudo realizado por uma equipa de investigadores da Universidade de Michigan, nos estados Unidos, descobriu que as pessoas obesas submetidas à cirurgia bariátrica apresentavam cognição estável dois anos após o procedimento.
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Os resultados da investigação, publicados no Journal of Nutrition, Health & Aging, sugerem que esta cirurgia pode mitigar o historial do declínio cognitivo esperado em pessoas com obesidade.
Participaram no estudo 85 pacientes que fizeram uma cirurgia bariátrica e que foram acompanhados durante dois anos. Utilizando uma coleção de testes de memória e linguagem desenvolvidos pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), assim como o Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT), os especialistas avaliaram a capacidade de raciocínio dos participantes comparando-as com as pontuações obtidas por pessoas saudáveis em investigações anteriores.
Constataram, então, que as pontuações dos testes da Bateria Cognitiva do NIH permaneceram estáveis, mas os testes de funções executivas secundárias mostravam melhoras. Uma das avaliações da memória, no entanto, diminuiu após a cirurgia.
Embora este seja o maior estudo a avaliar as mudanças dois anos após a cirurgia bariátrica, os resultados entram em conflito com estudos anteriores que apresentavam melhoras na memória e no funcionamento executivo entre pacientes semelhantes.
Evan Reynolds, autor principal do estudo, refere que os outros estudos foram compostos principalmente por pacientes que fizeram um bypass gástrico, enquanto o estudo atual foi composto principalmente por indivíduos que se submeteram a uma gastrectomia vertical.
Para obter maiores evidências da eficácia da cirurgia bariátrica na cognição e nas possíveis diferenças entre os tipos de cirurgia, deveriam realizar-se estudos observacionais maiores ou ensaios randomizados e controlados.
Após a cirurgia bariátrica, as melhorias nas complicações da diabetes, como neuropatia periférica, doença renal crónica e retinopatia, não foram associadas à melhora da cognição.
Fatores metabólicos, incluindo a diabetes e a obesidade, estão associados ao declínio cognitivo, no entanto, ainda há que compreender a melhor forma de tratar esses fatores para melhorar os resultados cognitivos dos pacientes.