Estatinas inaladas promissoras como tratamento eficaz da asma
Uma equipa de pneumologistas da UC Davis Health está a explorar uma abordagem inovadora para determinar se as estatinas podem ajudar a tratar doenças obstrutivas das vias aéreas, administrando o medicamento via inalação.
DOENÇAS E TRATAMENTOS
ASMA - NECESSIDADES NÃO SATISFEITAS NO TRATAMENTO
A asma é, a nível mundial, uma das doenças mais frequentes e afecta, segundo estimativas internacionais, mais de 150 milhões de pessoas no planeta. LER MAIS
Uma vez que as estatinas na forma oral não penetram no compartimento das vias aéreas em níveis suficientemente elevados para serem eficazes, a administração de estatinas diretamente no pulmão através da inalação poderá atingir melhores níveis locais do medicamento nos tecidos e, portanto, melhores resultados clínicos. Isto permitiria o uso de doses mais baixas para alcançar eficácia e ao mesmo tempo minimizar os efeitos colaterais sistémicos.
As estatinas são uma classe de medicamentos hipolipemiantes que podem diminuir os níveis de colesterol em pessoas com alto risco de doenças cardiovasculares. Além dos benefícios cardiovasculares, estes medicamentos têm ainda efeitos anti-inflamatórios.
Em estudos pré-clínicos sobre a asma, as estatinas diminuíram a disfunção das células epiteliais das vias aéreas, a proliferação de células ASM (Airway Smooth Muscle), a ativação de células imunológicas e a libertação de vários mediadores pró-inflamatórios.
Em modelos animais, as estatinas também revelaram eficácia na asma aguda e crónica mediada por alergénios. No entanto, os ensaios clínicos com estatinas orais na asma tiveram resultados mistos e amplamente negativos.
Para entender melhor por que razão os ensaios clínicos em humanos não foram proveitosos, Amir A. Zeki Zeki e a sua equipa de investigadores examinaram os mecanismos e a farmacologia pelos quais as estatinas afetam a função da ASM na asma.
Descobriram, então, que as estatinas também funcionam como broncodilatadores, relaxando diretamente o tecido da ASM, levando à abertura das vias aéreas.
Em vez de atuarem através dos receptores da superfície celular, as estatinas têm como alvo a cascata de sinalização dentro da ASM. Esse caminho acontece parcialmente através da via do colesterol e parcialmente através de vias independentes do colesterol relacionadas à estrutura proteica da ASM.
Segundo o investigador principal do estudo a inalação de estatinas para o tratamento de doenças pulmonares é uma forma muito mais eficaz de administrar esta classe de medicamentos devido à farmacologia das estatinas e às propriedades físico-químicas únicas. Isso permitiria administrar doses significativamente mais baixas nas vias respiratórias e com maior potência.
Futuramente, a equipa de Zeki pretende expandir a investigação com um ensaio clínico em humanos de Fase 1 e Fase 2 para testar a segurança e eficácia da administração de estatinas por inalação para tratar a asma e a DPOC.