Novo gel antibacteriano é 100 vezes mais eficaz nas infeções
Aminoácidos contendo prata e enxofre são os principais componentes de um novo gel antibacteriano que é considerado cem vezes mais eficaz do que produtos similares. De acordo com o estudo, publicado no Journal of Materials Chemistry B, o medicamento é barato, não tóxico e fácil de sintetizar, o que significa que pode ser potencialmente utilizado para combater infeções adquiridas em hospitais.
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Paradoxalmente à sua natureza, as unidades hospitalares também representam um problema de saúde pública. Todos os anos centenas de milhões de pessoas sofrem com infeções contraídas em hospitais. LER MAIS
A síntese de medicamentos de nova geração destinados a combater bactérias patogénicas e biofilmes – comunidades microbianas ligadas umas às outras ou a qualquer outra superfície – tornou-se urgente, uma vez que o uso indevido de antibióticos levou à resistência das bactérias aos medicamentos.
A prata ganhou destaque como um aditivo antibiótico eficaz pois o metal possui propriedades antibacterianas, antivirais e antifúngicas. Até agora, as nanopartículas de prata demonstraram a sua eficácia em pensos para feridas, implantes e cateteres. No entanto, para obter tais nanopartículas, os cientistas utilizam frequentemente materiais caros e tóxicos que por vezes podem deixar vestígios na estrutura do medicamento e que podem ser perigosos para os seres humanos.
Na investigação, uma equipa de cientistas da Universidade Estatal de Tver, na Rússia, sintetizou nanopartículas de prata através de uma tecnologia ecológica que não requer reagentes tóxicos. Mais especificamente, os especialistas substituíram substâncias perigosas por aminoácidos sulfurados que o corpo humano já possui. As moléculas de aminoácidos reduzem a prata dos seus sais, criam um gel e mantêm a sua estrutura.
Devido a essas propriedades, tornou-se mais fácil criar géis com nanopartículas de prata – basta misturar soluções de aminoácidos e sais de prata. Isso permite interromper o uso de produtos químicos nocivos e não requer condições específicas, o que simplifica todo o processo.
As capacidades antibacterianas do gel foram testadas em colónias de bactérias ESKAPE – um grupo de microrganismos que inclui Enterococcus, Staphylococcus, Klebsiella, Acinetobacter, Pseudomonas e Enterobacter. Estas bactérias resistentes a antibióticos causam infeções hospitalares, por exemplo, pneumonia e otite média.
Os resultados revelaram que o gel antibacteriano é cem vezes mais eficaz na inibição do crescimento de microrganismos e da formação de biofilmes do que outros medicamentos conhecidos à base de prata.
Segundo Dmitry Vishnevetskii, líder do projeto, a tecnologia é simples, não tóxica e barata o suficiente para ser facilmente ampliada. Por isso, pode ser utilizada na síntese de medicamentos para o tratamento de diversas doenças, como infeções bacterianas agudas, crónicas e adquiridas em hospitais.
No futuro, a equipa pretende testar os géis em animais de laboratório para determinar a sua segurança e eficácia.