Diálise peritoneal: nova opção de tratamento contra infeções
A peritonite é uma complicação grave em pacientes submetidos a diálise peritoneal automatizada (DPA), que aumenta a morbidade e frequentemente desqualifica os pacientes do programa de diálise peritoneal (DP).
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Durante a terapia renal substitutiva com DP, aproximadamente 30% dos pacientes sofrem de peritonite. A infeção é causada por bactérias que podem entrar na cavidade abdominal através do cateter de diálise. Dor, náuseas e vómitos, turvação do fluido de diálise ou febre são alguns dos sinais desta infeção a que os pacientes devem estar atentos.
As bactérias responsáveis pelas infeções com risco de vida estão a tornar-se cada vez mais resistentes a muitos antibióticos. Mas uma investigação liderada por Markus Zeitlinger, chefe do Departamento de Farmacologia Clínica da MedUni Vienna, permitiu identificar uma nova opção de tratamento medicamentoso.
No estudo, publicado recentemente na revista Clinical Microbiology and Infection, a equipa de investigadores analisou amostras de sangue e fluido de diálise de pacientes em DP e aplicou modelos de simulação assistidos por computador.
Verificaram, então, que uma dose comparativamente baixa da combinação de ceftazidima e avibactam é suficiente para tratar a peritonite. Estas substâncias pertencem ao grupo dos antibióticos que são usados principalmente contra certos patógenos (gram-negativos) multirresistentes, como os encontrados na peritonite.
No estudo, os especialistas conseguiram demonstrar que numa dose de 760 mg e 190 mg, a combinação desses agentes, respetivamente, é suficiente para tratar a infeção. A dosagem correta mais baixa possível é relevante, particularmente para pacientes em diálise, no sentido de se evitar o acúmulo das substâncias e os efeitos colaterais associados.
Em contraste com a hemodiálise clássica, a DP utiliza a membrana do peritónio para filtrar os produtos metabólicos do sangue. A vantagem sobre a hemodiálise é a possibilidade de uso independente na habitação dos pacientes, o que consideram um aumento significativo na qualidade de vida.
Quase 50 anos após a introdução do método, o risco de infeções ainda é considerado uma vulnerabilidade da DP. De acordo com o líder do estudo, os resultados desta investigação podem contribuir para o controlo da peritonite, mesmo em pacientes com germes difíceis de tratar.
A elevada relevância do estudo é apoiada pelos desenvolvimentos atuais – devido ao número crescente de pacientes que sofrem de doença renal crónica ou perda da função renal em todo o mundo (5% a 8% por ano), cada vez mais pacientes necessitam de terapia renal substitutiva.