Novo estudo liga pílulas anticoncecionais e depressão
Globalmente, a depressão é a principal causa de problemas de saúde e incapacidade. Mais de 264 milhões de pessoas são afetadas e pelo menos 25% de todas as mulheres e 15% de todos os homens sofrem de depressão, uma doença que requer tratamento em algum momento das suas vidas.
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A possibilidade de as pílulas anticoncecionais poderem ter efeitos negativos na saúde mental e até mesmo levar à depressão é há muito tempo discutida. Recentemente, um estudo desenvolvido por psiquiatras da Universidade de Uppsala, na Suécia, concluiu que as mulheres que tomam a pílula têm maior risco de desenvolver o distúrbio.
O estudo, publicado na revista científica Epidemiology and Psychiatric Sciences, é um dos maiores e mais abrangentes até ao momento, tendo acompanhando mais de um quarto de milhão de mulheres do UK Biobank desde o nascimento até à menopausa.
Os investigadores recolheram dados sobre o uso dos anticoncecionais pelas mulheres, quando foram diagnosticadas com depressão pela primeira vez e quando experimentaram os primeiros sintomas do distúrbio sem receber o diagnóstico.
O método contracetivo estudado foi a pílula anticoncecional combinada, que contém progestagénio, um composto semelhante à hormona progesterona, e estrogénio. O progestagénio impede a ovulação e engrossa o muco cervical para evitar que os espermatozoides entrem no útero, enquanto o estrogénio afina o revestimento uterino para impedir a implantação de um óvulo fertilizado.
O estudo permitiu concluir que as mulheres que começaram a tomar a pílula na adolescência tiveram uma incidência 130% maior de sintomas de depressão, enquanto o aumento correspondente entre as utilizadoras adultas foi de 92%.
De acordo com Therese Johansson, uma das investigadoras envolvidas na investigação, a poderosa influência das pílulas anticoncepcionais na adolescência pode ser atribuída às alterações hormonais causadas pela puberdade.
O especialistas constataram que os primeiros 2 anos de uso de pílula anticoncecional foram associados a uma taxa mais alta de depressão em comparação com mulheres que nunca a tomaram. Embora o risco não tenha sido tão pronunciado além dos primeiros 2 anos, o uso deste contracetivo sempre foi associado a um aumento do risco de depressão ao longo da vida.
Verificou-se também que as adolescentes que tomavam a pílula anticoncepcional ainda apresentavam maior incidência de depressão mesmo após a interrupção do seu uso, o que não foi observado nas utilizadoras adultas de anticoncecionais.
Os resultados do estudo enfatizam a necessidade de os profissionais de saúde estarem mais atentos a possíveis ligações entre os diferentes sistemas do organismo, como a depressão, e o uso de pílulas anticoncepcionais. Segundo os investigadores é importante que os profissionais de saúde informem as mulheres que estão a pensar tomar a pílula anticoncepcional sobre o risco potencial de depressão como efeito colateral deste medicamento.