Medicamento pode atrasar os primeiros sintomas de EM
Um medicamento chamado teriflunomida pode retardar os primeiros sintomas de esclerose múltipla (EM) em pessoas cujos exames de ressonância magnética revelem sinais da doença, mesmo que ainda não apresentem sintomatologia.
DOENÇAS E TRATAMENTOS
ESCLEROSE MÚLTIPLA
Atualmente, não existe cura conhecida para a EM. Há no entanto tratamentos eficazes que contrariam a evolução da doença e aliviam os sintomas associados, proporcionando mesmo, a reabilitação de muitos doentes. LER MAIS
Denominada síndrome radiologicamente isolada, a condição é diagnosticada em pessoas que não apresentam sintomas de EM, mas que apresentam anormalidades no cérebro ou na medula espinhal chamadas lesões, semelhantes às observadas na EM.
A EM é uma doença autoimune do sistema nervoso. Nestas doenças, o sistema imunitário ataca as células do próprio organismo, o que se designa por resposta autoimune. No caso da EM, a resposta autoimune é dirigida ao cérebro e à medula espinhal, mais especificamente à camada de mielina que reveste os axónios de muitos neurónios. Os sintomas da doença podem incluir fadiga, dormência, formigueiro, dificuldade em andar, desequilíbrio, alterações da visão.
Cada vez mais pessoas fazem ressonâncias ao cérebro por vários motivos, como dor de cabeça ou traumatismo craniano, pelo que se estão a descobrir mais casos e muitas dessas pessoas desenvolvem EM.
Segundo Christine Lebrun Frenay, do Hospital Universitário de Nice, na França, quanto mais cedo uma pessoa puder ser tratada para a doença, maiores serão as hipóteses de retardar o dano à mielina, o que diminui o risco de comprometimento neurológico permanente e de sintomas debilitantes.
O estudo envolveu 89 pessoas com síndrome radiologicamente isolada. Metade das pessoas recebeu 14 miligramas (mg) de teriflunomida diariamente e a outra metade recebeu um placebo. Todos os participantes foram acompanhados durante dois anos.
Os investigadores apuraram que durante a investigação oito pessoas que tomaram o medicamento desenvolveram sintomas de EM, em comparação com 20 que tomaram o placebo. Depois de ajustar para outros fatores que poderiam afetar o risco de desenvolver sintomas, os especialistas descobriram que as pessoas que tomavam a teriflunomida tinham um risco 72% menor de apresentar os primeiros sintomas do que aquelas que tomavam o placebo.
Para a autora do estudo as descobertas sugerem que a intervenção precoce com teriflunomida pode ser benéfica para as pessoas diagnosticados com síndrome radiologicamente isolada – a fase pré-sintomática da EM.
No entanto, realça, mais investigações são necessárias em grupos maiores de pessoas para confirmar estas descobertas. Além disso, é importante que os profissionais de saúde sejam cautelosos ao utilizar a experiência em ressonância magnética para diagnosticar a condição, selecionando apenas pacientes em risco de desenvolver EM e não causar um aumento de diagnósticos de ressonância magnética errados.