Hormona pode prever a capacidade de manter a perda de peso
Atualmente, em muitos países, metade da população está acima do peso e o número continua a aumentar. Muitas pessoas perdem peso com sucesso, a dificuldade está em mantê-lo.
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A prevalência da obesidade triplicou nos últimos anos, em muitos países europeus, aumentando, consequentemente, os gastos com a saúde. LER MAIS
Um estudo realizado por investigadores da Universidade da Copenhaga, na Dinamarca, mostrou que a hormona neurotensina pode ajudar a prever se as pessoas são capazes de manter a perda de peso.
Publicado na revista Metabolism, a investigação é uma Prova de Conceito (PoC), o que significa que é a primeira vez que esta hormona é investigada em relação à perda de peso induzida por uma dieta de baixas calorias.
Os especialistas começaram por examinar o efeito da perda de peso em ratinhos obesos. Os animais foram alimentados ad libitum ou com uma dieta restrita (40-60% da ingestão média de alimentos) durante 9 dias para obter perda de peso semelhante à observada no estudo humano. Verificou-se que a perda de peso levou à diminuição da quantidade da hormona neurotensina.
Posteriormente, num estudo controlado randomizado, foram analisadas amostras de plasma de 42 participantes com obesidade, que completaram uma dieta de baixas calorias durante 8 semanas.
Os investigadores descobriram que a perda de peso também levou a uma diminuição da quantidade da neurotensina em humanos. Curiosamente, as pessoas que mantiveram a perda de peso libertaram mais neurotensina do que aquelas que recuperaram o peso novamente.
Segundo o professor Signe Sørensen Torekov, do Departamento de Ciências Biomédicas da Universidade de Copenhaga, isso pode ajudar a explicar por que algumas pessoas são mais bem-sucedidas do que outras na manutenção da perda de peso.
Tal como outras hormonas intestinais do apetite, a neurotensina é libertada pelos intestinos quando comemos, e a informação é compilada no cérebro, que determinará se devemos continuar a comer ou nos sentimos satisfeitos.
Os participantes perderam peso durante a dieta das 8 semanas, mas os especialistas concluíram que as pessoas que perderam ainda mais peso no ano seguinte à dieta libertaram mais neurotensina do que as que ganharam peso após completar a dieta.
O resultado dá que pensar: será que as pessoas que engordam novamente simplesmente não têm o efeito inibidor do apetite que a neurotensina parece ter?
Sabe-se que as pessoas que se submeteram à cirurgia bariátrica para perder peso libertam mais neurotensina quando comem. Foi essa característica que inspirou os investigadores a estudar o efeito da neurotensina na perda de peso.
Existem outras hormonas intestinais, libertadas em maior quantidade após esta cirurgia, que ajudam a explicar por que as pessoas que a realizaram conseguem manter a perda de peso.
Quando os investigadores descobriram pela primeira vez a leptina, uma hormona chave na regulação do peso, verificaram que as quantidades diminuem durante a perda de peso. Isso pode indicar que aumentar a quantidade de leptina no corpo faria com que as pessoas perdessem peso.
No entanto, as pessoas que vivem com obesidade são resistentes à leptina, o que significa que não respondem com perda de peso à hormona. Não se sabe se isso também se aplica à neurotensina, pelo que há muito trabalho pela frente.