Descobertas sobre desenvolvimento fetal podem proteger contra LMA
Durante o estágio fetal, vários dos chamados programas celulares são executados e são vitais para o desenvolvimento do feto. Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Lund, na Suécia, demonstrou que um desses programas fetais parece proteger contra a leucemia mieloide aguda (LMA).
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Para a investigação, publicada na revista Cell Reports, os especialistas utilizaram um modelo experimental de ratinho que resulta sempre nesse tipo de leucemia. O interessante é que, ao adicionar um programa específico de células moleculares a ratinhos adultos que normalmente só funciona durante o desenvolvimento fetal, mais da metade dos animais não desenvolveu LMA.
O programa fetal utilizado consistia na proteína de ligação ao RNA LIN28, cuja função normal é regular outros genes. O LIN28 geralmente só é expresso durante o desenvolvimento fetal, desaparecendo logo após o nascimento.
A LMA é o resultado de várias mutações celulares. Segundo Mohamed Eldeeb, um dos investigadores, no modelo de pesquisa é possível acompanhar o desenvolvimento desde a primeira mutação até que a doença se estabeleça, algo que é impossível de fazer em humanos. O estudo em ratinhos mostra que o LIN28 tem um forte efeito profilático.
Os especialistas começaram por examinar amostras de um grande número de pacientes diagnosticados com LMA, 98% dos quais não apresentavam nenhuma expressão de LIN28. Nos que o fizeram, o nível era muito baixo.
Para entender melhor o que acontece quando o LIN28 é ativado, realizaram estudos moleculares e funcionais mais aprofundados usando o modelo animal.
Constatou-se que, nos ratinhos, o programa molecular de células fetais protege contra doenças ao colidir com o mecanismo que impulsiona a LMA, o que pode explicar a razão da leucemia ser rara em recém-nascidos.
Para David Bryder, professor de hematologia experimental na Universidade de Lund, considerando o que se demonstrou, vai ser interessante estudar se o programa de células fetais pode ser usado para prevenir doenças mais tarde na vida. Antes, contudo, há que descobrir como se pode reativar tal programa em células humanas.