Maioria das pessoas vê insetos como alimento no futuro
Uma investigação realizada na Universidade da Catalunha, em Espanha, sobre o consumo de insetos apurou que a maioria das pessoas (58%) ouvidas acredita que os insetos podem tornar-se uma fonte alternativa e sustentável de proteína no futuro, e passar a fazer parte da dieta. Contudo, também descobriu que mais de quatro em cada cinco indivíduos não estão preparados ainda para adicionar insetos às suas dietas habituais.
MEDICINA E MEDICAMENTOS
INVISTA NA SUA SAÚDE
A promoção da saúde tem como base a aceitação de que os comportamentos em que nos envolvemos e as circunstâncias em que vivemos têm influência na nossa saúde. LER MAIS
O objetivo do estudo era identificar os parâmetros que ajudariam a melhorar a aceitação do consumo de insetos para os poder introduzir como uma fonte sustentável de proteína na dieta normal.
Apesar da entomofagia – consumo de insetos como alimento por humanos e animais – ter sido uma prática comum entre os nossos antepassados, foi abandonada há muito tempo e só existe marginalmente. As razões para este abandono são apenas culturais pois a nível nutricional não existem dúvidas dos seus benefícios.
Vários estudos mostraram resultados positivos no controlo do peso, redução dos níveis de glicose e colesterol no sangue e aumento da diversidade da microbiota. As gorduras que os insetos comestíveis possuem são ricas em ácidos gordos insaturados, mas principalmente ácidos gordos polinsaturados.
Estudos em humanos revelaram que os insetos comestíveis ajudam a melhorar a saúde intestinal, reduzem a inflamação sistémica e aumentam significativamente as concentrações sanguíneas de aminoácidos.
A investigação foi realizada nas redes sociais e contou com 1.034 participantes, dos quais 68,9% eram mulheres. A grande maioria dos participantes (86%) afirmou nunca ter comido insetos, e apenas 13% disseram que já o haviam feito.
O principal motivo alegado para não comer insetos foi o nojo (38%), seguido de falta de hábito (15%), dúvidas quanto à segurança alimentar (9%) e motivos culturais (6%), entre outros.
Essa relutância em comer insetos também se manifestou quando se perguntou aos participantes se se sentiam preparados para os incluir na sua dieta normal. Apenas 16% disseram que sim, enquanto 82% responderam que não. A maioria, 71%, também afirmou que não cozinharia insetos em casa, ao passo que 28% afirmou que o faria.
Questionados se ofereceriam pratos com insetos num restaurante, 73% responderam que não, já 25% responderam positivamente. A maioria (81% neste caso) acredita que o público em geral não seria receptivo a pratos com insetos, enquanto 16% achavam que sim.
O estudo permitiu desvendar os parâmetros que podem melhorar a aceitação dos insetos por parte dos consumidores, com vista à sua introdução como uma fonte sustentável de proteína em dietas futuras.
Segundo a equipa de investigação, trabalhos focados no aumento da aceitabilidade dos insetos como alimentos devem concentrar-se na neofobia (medo de experimentar coisas novas), normas sociais, familiaridade, experiências do consumidor e compreensão dos benefícios.
Importa referir que o excesso de representação do sexo feminino no estudo pode ter levado a resultados mais desfavoráveis em relação à aceitação do consumo de insetos. Os entrevistados do sexo masculino neste estudo pareciam ter um grau menor de neofobia e estavam mais dispostos a cozinhar insetos e a introduzi-los na dieta habitual do que as mulheres. Apurou-se ainda que a faixa etária mais receptiva a insetos são as pessoas entre os 40 e 59 anos.