Raça pode afetar resultados no cancro da cabeça e pescoço
Pacientes negros com cancro da cabeça e pescoço têm o dobro das taxas de mortalidade dos pacientes brancos, e um novo estudo sugere que a própria raça estará por trás dessas diferenças.
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A investigação constatou que os pacientes negros parecem responder à terapia de forma diferente dos pacientes brancos mas estudos anteriores haviam descoberto que fatores como a situação económica e o acesso aos cuidados de saúde também contribuem para o resultado.
Para o estudo os cientistas usaram dados de um ensaio clínico do Radiation Therapy Oncology Group sem fins lucrativos. Os pacientes deste ensaio eram semelhantes em fatores como idade, estado de saúde e estágio do cancro. Uma vez inscritos, receberam basicamente os mesmos cuidados para o cancro, o que não acontece na população em geral, onde o acesso e a qualidade dos cuidados podem variar.
Durante o trabalho, 468 pacientes negros com cancro da cabeça e pescoço foram comparados com pacientes brancos que receberam o mesmo tratamento. Embora se esperassem resultados semelhantes em ambos os grupos, verificou-se que em 60% dos pares combinados, os pacientes brancos tinham uma sobrevida melhor do que os pacientes negros.
Segundo o Dr. Jeffrey Liu, autor do estudo, usando a raça autodeclarada, observa-se uma diferença na forma como esses grupos respondem ao mesmo tratamento.
A raça é uma construção social e não biológica, logo pode ser imperfeita para agrupar pacientes, no entanto, continuará a ser usada até que a medicina de precisão avance a ponto de ser possível usar o perfil genético de um paciente nas investigações.
Acima de tudo, importa referir que as pessoas são diferentes. Quando se reunem grupos de pacientes, por mais imperfeito que seja esse agrupamento, algumas pessoas podem responder menos à terapia do que outras. O próximo passo dos especialistas é tentar entender por que razão isso acontece.
O estudo foi publicado no Journal of the National Cancer Institute.
O cancro da cabeça e pescoço é o sétimo tipo de cancro mais frequente na Europa. Corresponde a qualquer tipo de cancro que comece nas células escamosas que revestem as superfícies da mucosa do interior da cabeça e pescoço (por exemplo, interior da boca, nariz e garganta), sendo classificado de acordo com o local em que começa.