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Estudo identifica dois genes ligados à microcefalia

Uma equipa de investigadores da Northwestern Medicine identificou variantes de ADN causadoras de doenças em dois genes ligados a déficits de desenvolvimento neurológico, incluindo a microcefalia em crianças.

Estudo identifica dois genes ligados à microcefalia

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A microcefalia é uma malformação na qual a cabeça do bebé é significativamente menor do que a de outras crianças da mesma idade e género. Esta condição neurológica resulta de um problema no desenvolvimento cerebral durante a gestação ou depois do parto. É uma manifestação comum de vários distúrbios do neurodesenvolvimento causados por interrupções na replicação, reparação ou divisão celular do ADN.

Em colaboração com uma equipa global de cientistas, os especialistas compararam dados completos de sequenciamento do exoma de 11 indivíduos afetados de todo o mundo com microcefalia, baixa estatura, anormalidades cardíacas e anemia. Descobriram então que variantes de ADN em dois genes, o SLF2 e o SMC5, comprometem a estabilidade da proteína e reduzem a capacidade das células para reparar o ADN danificado.

Seguidamente, validaram essas descobertas num modelo de peixe-zebra. Erica Davis, co-autora sénior do estudo, explica que se procedeu à inativação dos ortólogos SLF2 e SMC5 no genoma do peixe-zebra.
O tamanho da cabeça do peixe-zebra foi medido e constatou-se que existia uma redução significativa em relação aos seus irmãos normais. Avaliou-se ainda o padrão da face do peixe-zebra medindo as estruturas da cartilagem tendo-se verificado algo semelhante ao que acontecia neste grupo de crianças.

Para a especialista as descobertas da investigação vão adicionar dois genes aos testes de painel de genes diagnósticos ou aos testes clínicos completos de exoma ou sequenciamento do genoma que estão a ser solicitados para crianças que apresentam microcefalia ou preocupação com doenças do neurodesenvolvimento, acabando por ajudar na deteção precoce e no diagnóstico desta e de outras doenças.

E apesar de o complexo ainda não estar bem compreendido, as descobertas do estudo ressaltam a importância desses genes na manutenção da estabilidade do genoma, regulando a replicação do ADN e a divisão celular.

Estudos futuros irão procurar entender melhor essa conexão e por que o cérebro é tão suscetível. O primeiro pilar é identificar os genes causais, o segundo é entender o mecanismo, e o terceiro é o desenvolvimento terapêutico. À medida que se desenvolvem esses modelos de peixe-zebra, isso fornecerá uma nova ferramenta para tentar identificar formas de corrigir um processo celular que correu mal.

Fonte: Tupam Editores

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